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Unasul se reunirá para dar resposta às sanções norte-americanas contra a Venezuela

Hoje o parlamento venezuelano aprovou a Lei Anti-imperialista, solicitada pelo presidente Nicolás Maduro para facilitar medidas em defesa da soberania nacional

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Maduro: “Por minha alma de revolucionário, juro que não poderão com a Venezuela”

São Paulo – O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que representantes de países que compõem a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reunirão em uma cúpula na próxima semana, em Montevidéu, no Uruguai, para dar uma resposta à decisão do governo norte-americano de declarar a Venezuela como uma ameaça e de aplicar uma série de sanções ao país. Chanceleres do órgão afirmaram que a ação dos EUA desqualifica os esforços realizados pela Unasul para estabelecer diálogo na Venezuela.

“Daremos a resposta correspondente a esta grotesca, ilegal, descarada, inaudita e injustificada ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos da Venezuela”, disse Correa, em resposta ao anuncio feito pelo presidente norte-americano, Barack Obama, na segunda-feira (9), quando classificou a Venezuela como uma “ameaça não usual e extraordinária à segurança nacional dos Estados Unidos”. Em seguida, ele anunciou sanções contra sete funcionários militares e contra policiais venezuelanos.

O parlamento venezuelano aprovou hoje (11) com ampla maioria dos votos a Lei Anti-imperialista, solicitada pelo presidente Nicolás Maduro com o propósito de facilitar a execução de medidas em defesa da soberania nacional. Os deputados exigiram que Obama volte atrás no decreto emitido na segunda e que não se intrometa em assuntos internos do país.

“Por minha alma de revolucionário, eu juro que não poderão com a Venezuela, nem com ameaças, nem com agressões. De nenhuma forma poderão com a pátria de Bolívar. Cumprirei com meu juramento, ao custo de minha própria vida, se eu tiver que dá-la”, afirmou Maduro, em discurso oficial. “O século 20 foi marcado por intervencionismo direto, golpes de Estado, desestabilizações, desconhecimento dos povos que aqui existem e por tentar deter o que na América e no Caribe não se detém: as correntes históricas, rebeldes, revolucionárias, nacionalistas, bolivarianas, patrióticas e anti-imperialistas.”

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O Itamaraty divulgou ontem nota na qual ressalta a importância do papel desempenhado pela Unasul, que esteve na Venezuela no último dia 6, em comissão composta pelos chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, da Colômbia, María Ángela Holguín, e do Equador, Ricardo Patiño, para cumprir o mandato de promoção do diálogo entre os diferentes atores políticos venezuelanos. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil ressaltou que “a Unasul é hoje o único organismo internacional que conta com a aprovação tanto do governo como da oposição para levar adiante a promoção do diálogo entre os venezuelanos”.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu ao chanceler de seu país, David Choquehuanca, que convoque a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a Unasul para declarar estado de emergência frente à agressão de Barack Obama. “Temos que defender toda América Latina e Caribe. A Venezuela é uma parte nossa.”

O secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, também criticou a decisão tomada pelo presidente dos Estados Unidos. “Não é o caminho do unilateralismo, confrontação e polarização midiática que conseguirão fazer que a Venezuela vá adiante”, disse. “Não é um bom sinal que precisamente antes da Cúpula das Américas, e quando estamos prestes a celebrar a volta de Cuba a este cenário, os Estados Unidos intervenham unilateralmente nos assuntos internos da Venezuela.”

Em comunicado oficial, o governo cubano considerou a ação dos Estados Unidos como “arbitrária” e “agressiva” e reafirmou seu apoio à Venezuela. O texto afirma que “a gravidade desta ação executiva colocou em alerta os governos da América Latina e do Caribe” e que “ninguém tem o direito de intervir nos assuntos internos de um Estado soberano nem declará-lo, sem fundamento algum, como ameaça à sua segurança nacional”.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza, declarou que “a decisão de categorizar a Venezuela de uma maneira bastante dura deve preocupar a todos os que querem manter uma situação de paz e diálogo”, disse. “Creio que a qualificação nos coloca em uma situação muito complexa, que tomara possamos resolver adequadamente nos próximos dias.”

Chavismo x EUA

A elite venezuelana e os Estados Unidos colocaram-se claramente contra o governo venezuelano desde a eleição de Hugo Chaves, presidente que retirou a exploração do petróleo produzido do país das mãos de empresas norte-americanas, nacionalizou o recurso natural e distribuiu os lucros para a robusta rede de programas sociais criada por ele, retirando assim milhões de pessoas da pobreza.

“A exploração do petróleo sempre gerou uma riqueza muito grande, mas ela ia parar em mãos de uma pequena minoria da sociedade venezuelana, que passou a desfrutar de padrões de vida altíssimos, maior que o equivalente em outros países da América Latina. Além disso, grandes empresas petroleiras dos EUA perderam muito. Chaves mudou as regras do jogo e isso feriu muito fortemente interesse de um setor da economia”, explica o professor Igor Fuser.

Com informações dos sites Opera Mundi e Aporrea, do jornal Página 12, e da emissora de TV Telesur