protestos pró-UE

Ucrânia troca chefe do Exército e lança ‘ação antiterror’ contra manifestantes

Presidente anunciou medidas mais duras contra protestos, que já deixaram pelo menos 26 mortos desde terça-feira

IGOR KOVALENKO/EFE

A crise política na Ucrânia se deu pelos protestos contra a suspensão de um acordo de associação com a União Europeia

São Paulo – Em meio a confrontos violentos que já deixaram pelo menos 26 mortos desde ontem (18), o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, anunciou hoje (19) medidas mais duras para reprimir os manifestantes. Além da troca da chefia das Forças Armadas do país por um militar tido como de linha mais dura, as forças de segurança ucranianas anunciaram também o lançamento de uma “operação antiterrorista” em todo o território nacional contra os grupos extremistas que participam dos protestos violentos.

De acordo com Aleksandr Yakimenko, chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia, a decisão se justifica pela “escalada do confronto violento e o emprego em massa de armas de fogo por parte de grupos extremistas”. “Em muitas regiões do país, [os extremistas] tomam sedes dos edifícios governamentais, delegacias de polícia, escritórios dos serviços de segurança, procuradorias, unidades militares e arsenais”, argumentou.

Pouco tempo depois do anúncio da operação — que pode acabar convocando o Exército a atuar pela primeira vez desde a eclosão da crise no país —, o presidente, sem dar explicações, demitiu o chefe das Forças Armadas ucranianas, Volodymyr Zamana. No início do mês, o ex-comandante havia publicamente discordado de Yakunovich quando o presidente considerou declarar “estado de emergência” em meio ao aumento dos protestos pró-União Europeia (UE).

Obama, Putin e União Europeia

O presidente dos EUA, Barack Obama, advertiu que “haverá consequências” se a violência continuar na Ucrânia. “Os militares ucranianos não deveriam se envolver em uma situação que pode ser resolvida pelos civis”, disse Obama a repórteres, durante visita oficial ao México.

O chefe de Estado russo, Vladimir Putin, também se manifestou sobre o assunto. De acordo com seu porta-voz, o presidente da Rússia vê os eventos de Kiev “como uma tentativa de dar um golpe”. “O presidente acredita que toda responsabilidade pelo que está acontecendo agora na Ucrânia é dos extremistas”, disse Dmitry Peskov, porta-voz de Putin. “Muitos países ocidentais (…) também são culpados. O Ocidente sólida, repetida e vergonhosamente evitou criticar as ações dos extremistas, incluindos os elementos neonazistas”, disse o chanceler russo, Sergei Lavrov.

Também hoje, potências ocidentais ameaçaram impor sanções à Ucrânia caso não diminua a violência dos protestos no país. Uma delegação de três chanceleres europeus viajará amanhã para Kiev com o objetivo de acompanhar de perto a situação vivida no país.

Os ministros da Relações Exteriores de França (Laurent Fabius), Alemanha (Frank-Walter Steinmeier) e Polônia (Radoslaw Sikorski) deverão recolher informações e levá-las de volta a Bruxelas, onde uma reunião de emergência entre os chanceleres dos países-membros da UE decidirá que medidas o bloco vai adotar.