Extrema direita

Sindicatos denunciam violência do governo colombiano contra trabalhadores

Em abril, foram relatados 1.089 casos de violência policial, 726 prisões arbitrárias, 27 mortos e seis atos de violência sexual

Telesur
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Em 28 de abril, o Esquadrão Anti-Motim (Esmad) atacou violentamente um protesto contra a privatização do sistema de saúde no país

São Paulo – Sindicatos e entidades representativas de trabalhadores de todo o mundo realizaram nas últimas segunda e terça (22 e 23) um fórum internacional (Foro #PazVidaDemocracia) sobre a situação política da Colômbia. A ideia foi dar visibilidade à violência do governo colombiano contra trabalhadores na repressão de movimentos populares. O governo de Iván Duque Marquéz vem atacando manifestantes que se levantam contra o pacote neoliberal proposto pelo político.

Em 28 de abril, o Esquadrão Anti-Motim (Esmad) atacou violentamente um protesto contra a privatização do sistema de saúde no país. Milhões foram às ruas, mesmo diante dos riscos da pandemia de covid-19. Também foi realizada uma greve nacional, apesar da intensa campanha contrária da imprensa comercial. Durante os atos, a Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (Fecode), uma das organizações que lideraram a mobilização, relatou 1.089 casos de violência policial, 726 prisões arbitrárias, 27 mortos e seis atos de violência sexual.

Denúncia internacional

Cinco meses depois, em 28 de setembro, estudantes da Universidade Industrial de Santander, em Bucaramanga, a 400 quilômetros da capital, foram reprimidos violentamente enquanto realizavam um ato pacífico com as mesmas pautas. “As organizações sindicais do mundo vêm denunciando para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) esta face do governo de extrema direita de Iván Duque, mostrando com profusão, em filmagens feitas por cidadãos em celulares, a violência absurda da polícia e do exército”, afirma o secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), do Brasil, Roberto von der Osten.

Em nota, a Contraf-CUT lembrou que “na Colômbia, assim como no Brasil, os trabalhadores enfrentam um governo neoliberal que ataca direitos do povo, menospreza o meio ambiente, não respeita direitos humanos e usa a repressão policial de forma violenta, pretendendo abafar as vozes das oposições”. Outra similaridade é a utilização do Judiciário para perseguir opositores, nos moldes da Operação Lava Jato contra políticos progressistas.

Lawfare

“O fórum denunciou ainda que, na Colômbia, ocorrem seguidas ações de lawfare. Os dez governadores da oposição, diversos senadores, deputados e vereadores, estão sofrendo processos administrativos e judiciais”, completa a confederação brasileira. O conceito de lawfare entrou no glossário jurídico brasileiro com os mais de 20 processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi inocentado de todos, mas os objetivos do grupo político que sequestrou parte do Judiciário foram alcançados. Com isso, um governo de extrema direita foi eleito e Lula foi preso, sendo assim impedido de concorrer ao pleito em 2022.

O secretário regional da UNI Américas (sindicato global), Marcio Monzane, destacou que os sindicatos brasileiros possuem experiência graças aos últimos anos de revezes diante do atual governo. “Os dirigentes sindicais brasileiros sabem dos impactos do lawfare numa eleição e podem ajudar muito no controle do processo”, disse, sobre uma ação da entidade no sentido de organizar uma missão de observação para as próximas eleições do país.

Assim como no Brasil, a Colômbia passa por um processo de empobrecimento devido às políticas neoliberais, afirmam os sindicalistas. “No último dia do fórum, os palestrantes relataram que é um exemplo para o mundo o que ocorre na Colômbia. Podemos ver o que acontece quando um governo coloca o modelo econômico acima das pessoas. A sociedade empobrece muito”, afirmou o dirigente da Contraf-CUT.