Brasília – O senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, de 53 anos, prestará hoje (11), pela primeira vez, depoimento à Justiça do Brasil desde que chegou ao país há duas semanas. O parlamentar será ouvido às 14h30, na 4ª Vara da Justiça, em Brasília. O testemunho faz parte do processo de sua retirada da Bolívia, no último dia 22, coordenado pelo encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia.

O depoimento de Molina foi solicitado à Justiça pelo advogado Ophir Cavalcante Junior, que defende Saboia. O senador ficou 455 dias abrigado na embaixada brasileira em La Paz, de onde foi retirado rumo ao Brasil, em uma operação organizada por Saboia, desencadeando uma crise diplomática – o episódio causou a queda do então chanceler Antonio Patriota, que foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado.

No Brasil há 15 dias, Pinto Molina é classificado como um “delinquente comum” pelo governo boliviano. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos, corrupção e de crimes contra comunidades indígenas. No total, são mais de 20 processos.

Na semana passada esteve em Brasília uma  missão boliviana formada por três ministros integrantes do Ministério Público, que apresentou documentos ao Ministério da Justiça sobre os processos judiciais envolvendo o senador.

Paralelamente, Saboia é alvo de investigações de uma comissão de sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal. O grupo apura as responsabilidades do diplomata na retirada de Pinto Molina da embaixada. O ex-encarregado de Negócios é acusado de quebra de hierarquia.