Caso Molina

Missão boliviana apresenta ao Brasil provas contra senador fugitivo

Autoridades reúnem-se hoje com integrantes do Comitê Nacional para Refugiados, presidido pelo ministro José Eduardo Cardozo

Valter Camapanato / ABr

Roger Pinto Molina, senador boliviano que fugiu da justiça de seu país para o Brasil

Brasília – A missão de alto nível de autoridades da Bolívia, formada por três ministros e integrantes do Ministério Público, reúne-se hoje (6), às 15h, com especialistas do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) no Ministério da Justiça, em Brasília. A missão veio ao Brasil para apresentar documentos que comprovem as acusações existentes na Bolívia contra o senador Roger Pinto Molina, que busca ostatusde refugiado ou asilado político.

O comitê é presidido pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mas fazem parte também integrantes dos ministérios das Relações Exteriores, do Trabalho e Emprego, da Saúde, Educação, e da Polícia Federal. A Embaixada da Bolívia em Brasília não confirmou àAgência Brasila participação de Cardozo na reunião.

A ministra da Justiça da Bolívia, Cecilia Ayllón, disse que a missão está no Brasil para apresentar um “conjunto jurídico” sobre os processos pendentes do senador, segundo a agência pública de notícias da Bolívia, ABI.

“O mais importante dessa reunião [em Brasília] é explicar a situação jurídica de Roger Pinto, uma pessoa que fugiu do país, que tem processos pendentes com a Justiça boliviana, desde que ocupou o cargo de prefeito de Pando”, disse a ministra.

No Brasil há 13 dias, Pinto Molina ficou abrigado por 455 dias na embaixada brasileira em La Paz  e, ao deixar seu país, deflagrou uma crise diplomática entre bolivianos e brasileiros. O governo de Evo Morales classifica o parlamentar como um “delinquente comum”. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos.

“As acusações contra o senador Pinto Molina surgiram a partir de 2011, quando ele passou a denunciar o envolvimento de autoridades ligadas ao presidente Evo Morales com o narcotráfico. Ele [Pinto Molina] tem 30 anos de vida pública e jamais houve uma denúncia contra ele, só agora, por que será?”, reagiu o advogado de Molina, Fernando Tibúrcio Peña.

A missão boliviana quer evitar a concessão dostatusde refugiado ou asilado político a Pinto Molina. Para as autoridades da Bolívia, o ideal é que ele seja enviado ao país, onde deverá responder aos processos pendentes. “Se não for concedido o refúgio a Pinto Molina, o que o Brasil deveria fazer é expulsá-lo e colocá-lo na fronteira com a Bolívia para que seja submetido à Justiça e julgado por seus delitos”, disse a ministra boliviana.

A missão de alto nível é formada pelos ministros Carlos Romero (Casa Civil),  Nardi Suxo (Transparência Institucional e Luta contra a Corrupção), Cecilia Ayllón (Justiça) e integrantes do Ministério Público.

Para o advogado do senador, a vinda da missão a Brasília demonstra que o tema é tratado de forma política, e não jurídica, pelo governo Evo Morales. “Não temos preocupação alguma com a chegada dessa missão de alto nível, pois isso só confirma que o assunto é tratado de maneira política, afinal há três ministros no grupo e mais integrantes do Ministério Público. É bom que todos venham para o Brasil e tragam os documentos que, na verdade, comprovam a inocência do parlamentar”, disse Tibúrcio.

Anteontem (4), a defesa de Pinto Molina foi surpreendida. Vásquez Villamor, que seguia de La Paz para Brasília, ficou retido por seis horas no Aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia). Ex-senador, o advogado conseguiu ser liberado após longa negociação com as autoridades bolivianas. Ele vem a Brasília para agregar mais documentos ao processo de Pinto Molina.

O senador foi retirado da Bolívia em uma operação organizada pelo encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, o diplomata Eduardo Saboia, que desencadeou uma crise diplomática. O então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático a Molina, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país.

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