No Iêmem, oposição convoca protesto para 6ª e governo admite eleição neste ano

Após protesto nesta quarta, oposição volta às ruas nesta sexta (Foto: Ammar Awad/Reuters) São Paulo – Grupos de oposição ao governo do Iêmen convocaram, para esta sexta-feira (25), uma marcha […]

Após protesto nesta quarta, oposição volta às ruas nesta sexta (Foto: Ammar Awad/Reuters)

São Paulo – Grupos de oposição ao governo do Iêmen convocaram, para esta sexta-feira (25), uma marcha até o palácio do presidente Ali Abdullah Saleh. O objetivo da “Sexta-feira da Marcha Adiante” é pressionar o mandatário, há 32 anos no cargo, a deixar o poder. A crise política arrasta-se desde o início de uma série de protestos, há sete semanas.

Nesta quarta-feira (23), manifestantes voltaram às ruas com cartazes dizendo “Não ao governo de emergência, carniceiro!”. Algumas pessoas passaram a vender camisetas com os dizeres “Sou um futuro mártir”. Mais soldados se misturavam aos milhares de manifestantes acampados, desde o início de fevereiro, nas ruas próximas à Universidade Sanaa. Alguns ostentavam rosas vermelhas para demonstrar apoio ao que vem sendo chamado de “revolução dos jovens”.

Em função das manifestações, Saleh, propôs nesta quarta-feira a realização das eleições presidenciais até o final do ano, em uma tentativa de satisfazer os manifestantes pró-democracia que exigem sua renúncia imediata. Antes, ele só aceitava a hipótese de sucessão a partir de 2012.

“Haveria um referendo para uma nova Constituição, e depois, eleições parlamentares. Os membros eleitos do Parlamento formariam um governo e as eleições para presidente da República seriam realizados imediatamente, antes do final de 2011”, disse o documento entregue aos grupos de oposição e ao comandante do Exército Ali Mohsen, que declarou seu apoio aos manifestantes.

“Iremos chegar onde você está e iremos retirá-lo”, disse o porta-voz da oposição, Mohamed Qahtan, à TV Al Jazeera nesta quarta-feira, dirigindo-se ao líder iemenita. Generais, líderes regionais, diplomatas e ministros retiraram o apoio ao governo principalmente depois que atiradores ligados a Saleh abriram fogo contra manifestantes na sexta-feira passada (18), causando a morte de 52 pessoas.

Sucessão e secessão

Uma possível sucessão a Saleh é nebulosa, e o país enfrenta o risco da fragmentação. O país é o mais pobre do Golfo Pérsico e considerado polo da rede terrorista Al Qaeda. O Iêmen faz fronteira com a Arábia Saudita, maior produtor de petróleo do mundo, e está nas principais rotas de escoamento.

No sul, há disposição de declarar independência, ao mesmo tempo em que xiitas do norte realizaram várias rebeliões contra o governante.

Saleh demitiu seu gabinete e declarou estado de emergência — que o parlamento aprovou na quarta-feira por um período de 30 dias –, mas o derramamento de sangue deu ainda maior força aos protestos.

O analista político Abdul-Ghani al-Iryani disse acreditar que Saleh se deu conta de que seu tempo acabou. “Acho que ele só está manobrando para obter termos de saída favoráveis. Ainda assim, com tanques nas ruas de Sanaa, está mantendo a cidade refém”, declarou. Iryani disse que Saleh buscará imunidade contra processos e a proteção de seus bens.

Com informações da Reuters