Lula vê 99% de chances de acordo com Irã em visita

Presidente promete esforço para convencer Irã a dialogar. EUA vê visita como chance de diálogo

Presidente Lula cumprimenta o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, durante cerimônia em Moscou. Russo se mostra menos otimista com o Irã (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acredita que pode convencer o Irã a aceitar um acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre seu programa nuclear. Apesar disso, caso isso não ocorra, ele afirma que se sentirá feliz por ter feito sua parte.

“Eu daria 9,9”, disse o presidente brasileiro quando indagado quais seriam as chances de um acordo com o Irã numa escala de zero a dez. “Vou ao Irã com a convicção de que vamos encontrar um acordo. Se não encontrarmos acordo, vou para casa feliz porque não fui omisso”, acrescentou. “Farei meu melhor para convencer meus parceiros da necessidade de diálogo”, disse Lula.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (14), durante visita à Rússia, Lula e o presidente russo, Dmitry Medvedev, um dos temas discutidos foram as possibilidades de sucesso da visita do presidente brasileiro à República Islâmica do Irã. A comitiva fica deste sábado (15) a segunda-feira (17) no país.

Medvedev, que estava ao lado de Lula na entrevista, foi bem menos otimista que o presidente brasileiro. “Eu dou 30%”, disse. O presidente russo também repetiu declarações de uma autoridade do Departamento de Estado dos EUA na véspera de que a visita de Lula a Teerã pode ser a última chance de um acordo com a República Islâmica que evite a imposição de uma quarta rodada de sanções no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

“Realmente espero que a missão do presidente brasileiro termine em um sucesso. É, talvez, a última chance”, disse Medvedev. Estados Unidos e potências ocidentais afirmam que o programa nuclear iraniano é um disfarce para a construção de armas atômicas. Teerã nega e afirma que sua intenção é somente a geração de energia.

O Brasil, que atualmente ocupa um assento temporário no Conselho de Segurança da ONU, é contra a imposição de sanções ao Irã e tenta uma solução negociada para o impasse. Assim como a Rússia, o Brasil não está disposto a apoiar a quarta rodada de sanções contra o Irã até que todas as vias de diálogo estejam esgotadas.

Crise

Na coletiva, Lula afirmou que a crise financeira global voltou mais forte na Europa e que Rússia e Brasil devem cobrar informações dos demais integrantes do G20 para que uma solução seja dada.

“Ainda não fizemos a lição de casa. Lá (na reunião do G20 em Toronto, nos dias 26 e 27 de junho) precisamos não só explicar o que está acontecendo nos nossos países, mas cobrar dos outros países o que está acontecendo na economia de cada país para que possamos tomar uma decisão correta”, disse Lula.

Segundo o presidente, a comunidade internacional ainda não avançou na regulamentação do sistema financeiro. “A crise econômica, que começou nos países ricos motivada pela incompetência gerencial nos sistemas financeiros desses países, não só não está resolvida como voltou com muito mais força na Europa”, afirmou Lula.

Com informações da Agência Brasil