Cúpula do G7

Lula se reúne com Macron, Scholz e Kishida, e não responde convites de Biden e Zelensky

Em discurso na sessão de trabalho do G7, presidente destacou questão climática e necessidade de os países superarem a dependência do petróleo

Ricardo Stuckert/PR
Ricardo Stuckert/PR
Lula e Macron reforçaram a retomada das relações entre os dois países, abalada por quatro anos de bolsonarismo

São Paulo – Em congestionada agenda neste sábado (20) na cúpula do G7, em Hiroshima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron, o premiê alemão, Olaf Scholz, e com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida. Convidado para reuniões bilaterais com os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e dos Estados Unidos, Joe Biden, Lula não respondeu ou não confirmou reunião com nenhum dos dois. Na agenda para este domingo (21), nada consta também.

Lula, que foi à cúpula a convite, e Macron “reforçaram a retomada da relação entre os dois países”, diz o Planalto, abalada por quatro anos de bolsonarismo. O líder francês foi muito atacado por Jair Bolsonaro, que chegou ao cúmulo de fazer piada grotesca sobre a aparência da sua mulher, Brigitte Macron.

Além da pauta principal no mundo, a guerra na Ucrânia, eles discutiram a cooperação em defesa e ampliação de trocas na área da cultura. Brasil e França têm cooperação nas áreas de defesa, espaço, energia nuclear e desenvolvimento sustentável, entre outras.

Aliança com Japão por reforma do Conselho da ONU

Com o primeiro-ministro do Japão, anfitrião da cúpula do G7, o brasileiro se reuniu por uma hora. Fumio Kishida anunciou que o Japão “iniciaria procedimentos para a introdução de isenção de visto de curta duração para portadores de passaporte comum do Brasil”. O japonês confirmou para “breve” um empréstimo de 30 bilhões de ienes (R$ 1,09 bilhão) para saúde e outros setores no Brasil.

Ele observou que as empresas japonesas “estão prestando muita atenção” à reforma tributária do Brasil, pela qual disse que espera avanços. O japonês ainda saudou a candidatura do Brasil para sediar a COP 30 em 2025. Lula e Kishida defenderam a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Os dois países são aliados na questão.

O chefe de governo brasileiro também teve um encontro bilateral com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz. “Já estivemos juntos este ano no Brasil, e agora reafirmamos a retomada das boas relações entre nossos países, com diálogo e cooperação”, disse Lula no Twitter.

Lula destaca meio ambiente

Em discurso na sessão de trabalho do G7 neste sábado, Lula destacou a questão climática e a necessidade de os países superarem a dependência do petróleo. “Quando o G7 foi criado, em 1975, a principal crise global girava em torno do petróleo. Quarenta e oito anos depois, o mundo ainda não conseguiu se livrar da sua dependência dos combustíveis fósseis”, disse.

Mencionando que a ciência aponta para “uma crise climática sem precedentes” se não houver mudanças importantes, acrescentou: “Estamos próximos de um ponto irreversível”. O presidente falou do Protocolo de Kyoto e disse que as nações não estão “atuando com a rapidez necessária” para conter o aumento da temperatura global, conforme pactuado no Acordo de Paris.

Na cidade japonesa de Kyoto foi fechado, em 1997, o acordo ambiental durante a 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Foi o primeiro tratado internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.

Países campeões em emissão

Entre os desafios para reverter o caminho rumo a um ponto sem retorno, o presidente brasileiro falou do desequilíbrio da agenda climática e da necessidade de os países que, historicamente, mais emitiram gases de efeito estufa, ampliarem esforços para reduzirem essas emissões.

Segundo estudo da Nasa, a agência espacial americana, os cinco países que mais emitem dióxido de carbono (CO2) são China, Estados Unidos, Índia, Indonésia e Malásia. O Brasil é o sexto.

Leia mais: