São Paulo – A Justiça dos Estados Unidos condenou o radialista de extrema direita Alex Jones a pagar indenização de US$ 965 milhões por espalhar mentiras a respeito do massacre da escola Sandy Hook. O valor, mais de R$ 5 bilhões, vai para 14 familiares de vítimas da chacina, em que um atirador matou 20 estudantes entre 6 e 7 anos e seis adultos. O atentado completará 10 anos em dezembro. Alex Jones tem um site (Infowars) “especializado” em desinformação. O canal é defensor da política de porte de armas, que já ocasionou diversos atentados e mortes em escolas dos Estados Unidos. O volume de armas no país é maior do que o de cidadãos.

No caso da escola infantil de Sandy Hook, em Newton, estado de Connecticut, o crime foi cometido por um homem de 20 anos, com um rifle da marca Remington. Com livre acesso à arma, antes de cometer a chacina, ele já havia assassinado a própria mãe em casa. Em fevereiro deste ano, a Justiça e a Remington fecharam acordo de indenização a nove famílias de vítimas do massacre. Foi a primeira responsabilização criminal de um fabricante de armas.

O propagador de fake news Alex Jones espalhava que o massacre de Sandy Hook não ocorrera. Por meio de seu site, tratava o tiroteio como encenação como parte de uma campanha contra o porte de armas. Chegava a dizer que os parentes em luto pelas perdas eram atores.

Familiares de vítimas decidiram processar o extremista, alegando que Jones e seu site faturaram fortunas propagando deliberadamente as mentiras. Em novembro do ano passado, a Justiça tomou decisão favorável aos pais das crianças assassinadas, que além de tudo ainda passaram a sofrer pressões e ameaças.

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No novo julgamento, realizado para determinar o valor das indenizações, pais e irmãos das vítimas relataram ameaças sofridas nos últimos ano por conta das mentiras difundidas por Alex Jones. Erica Lafferty, filha da diretora assassinada da escola, Dawn Hochsprung, afirmou que recebeu ameaças de estupro e teve que se mudar várias vezes nos últimos anos. Isso porque tinha seus endereços publicados na internet por seguidores de Jones.

Mark Barden, pai de uma das vítimas, contou que recebeu mensagens de pessoas que afirmaram ter urinado no túmulo de seu filho, Daniel, 7 anos. A informação é da edição brasileira do jornal Deutche Welle (DW).

Advogados das famílias das vítimas argumentaram no julgamento que Jones lucrou por anos com as mentiras sobre o atentado. Segundo documentos, durante anos ocultados pelo extremista, entre aumento de audiência e venda de seus produtos, Jones faturou US$ 165 milhões entre 2015 e 2018.

Em um julgamento realizado em agosto, pela Justiça do estado do Texas, duas famílias relataram o que sofreram ao longo de 10 anos de trauma. Primeiro, com a morte do filho, depois, ao terem a casa alvejada por tiros, serem intimidados na rua e receberem ameaças pela internet e telefone. Sempre devido à disseminação de mentiras por Alex Jones e seu site Infowars.

A defesa das famílias exibiu papéis do Infowars comprovando receitas de US$ 800 mil em um único dia com vendas do site. A empresa de Jones chegou a pedir falência com objetivo de fugir das indenizações.