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Lucro em cima de sangue: ofensiva de Israel sobre Gaza impulsiona indústria bélica dos EUA

Setor tem reforçado os lucros e a capacidade de fabricação com boom nas vendas de armas, aviões, mísseis e tanques para Israel. Em paralelo, país rejeita apelos para apoiar cessar-fogo na guerra contra o Hamas

Israel Defense Forces (IDF)/Reprodução
Israel Defense Forces (IDF)/Reprodução
A venda incluiu bombas "inteligentes", munição, mísseis e interceptadores para o sistema de defesa de Israel que destrói mísseis, o "Domo de Ferro"

São Paulo – O crescente uso da força de Israel, que vem intensificando os ataques aos territórios palestinos, está por trás de um boom nos lucros da indústria bélica dos Estados Unidos, a maior do mundo. É o que mostra reportagem do jornal The New York Times, divulgada nesta quarta-feira (25). Poucos dias depois do ataque terrorista do Hamas a Israel, no dia 7, começaram a chegar em solo israelense diversos carregamentos de armas estadunidenses.

A venda incluiu bombas “inteligentes”, munição, mísseis e interceptadores para o sistema de defesa de Israel que destrói mísseis, o “Domo de Ferro”. Ao todo, pelo menos 6.546 palestinos já foram mortos na Faixa de Gaza, onde Israel concentra os ataques, de acordo o Ministério da Saúde local. Contudo, o governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu justifica os bombardeios e as operações por terra como uma retaliação aos ataques do Hamas, que mataram 1.402 pessoas.

De acordo com a reportagem, o aumento nas vendas proporciona ao governo de Joe Biden “novas oportunidades para vincular as forças militares de outros países aos Estados Unidos”, o maior exportador de armas do planeta. Apenas no ano passado, os estadunidenses controlavam cerca de 45% das exportações mundiais de armas. O que representa um potencial de venda quase cinco vezes maior do que qualquer outra nação, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo.

EUA nega apoio a cessar-fogo

O controle da indústria bélica pelos Estados Unidos é o mais alto desde os anos imediatamente seguintes ao colapso da União Soviética, segundo o estudo. A presença do país na área vem crescendo com a guerra na Ucrânia e a percepção de uma ameaça crescente por parte da China, que tem estimulado uma corrida global à compra de aviões de combate, mísseis, tanques, artilharia e munição, entre outros equipamentos letais, mostra o The New York Times. Ao mesmo tempo, as nações também têm corrido para garantir novas gerações de equipamento para se manterem competitivas.

No ano passado, os gastos militares mundiais atingiram US$ 2,2 trilhões, nível mais alto ajustado à inflação desde pelo menos o fim da Guerra Fria. Convertido em reais, o total chega a R$ 11 trilhões. Enquanto arma Israel e garante lucros à sua indústria bélica, os Estados Unidos vêm se opondo aos crescentes apelos para apoiar um cessar-fogo na guerra no Oriente Médio. Após rejeitar novamente o pedido, ontem (24), um porta-voz da Casa Branca alegou que a medida beneficiaria apenas o Hamas.

A trégua é aguardada, no entanto, para permitir o fluxo de ajuda humanitária a Gaza, assim como a saída de milhares de estrangeiros que querem deixar o território. Ainda nesta quarta, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) se reúne para votar uma nova resolução sobre o conflito. Na semana passada, o Brasil tentou aprovar um acordo apoiado amplamente pelos países, mas foi derrubado pelo veto dos Estados Unidos. A perspectiva, porém, é que o impasse que cerca a resolução se mantenha.

Redação: Clara Assunção

Com informações do jornal O Globo