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FMI revê para baixo economia da Argentina e justifica com ‘ajuste’ de Milei

Projeção de crescimento de 2,8% neste ano passou para queda também de 2,8%. No mundo, alta de 3,1%

Eliana Obregón/Télam
Eliana Obregón/Télam
Milei: medidas de espírito neoliberal levaram a uma greve geral na semana passada

São Paulo – Ao atualizar seu boletim Perspectivas da economia mundial, divulgado nesta terça-feira (30), o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta crescimento de 3,1% neste ano e de 3,2% no próximo, com pequena variação sobre outubro. No caso da Argentina, porém, a variação foi expressiva: a previsão para 2024 foi de 2,8% para -2,8%. Segundo a organização, a revisão reflete o “ajuste” do governo de Javier Milei. Para 2023, ainda sob outro governo, a estimativa foi de -2,5% para -1,1%.

De acordo com o relatório, a revisão do prognóstico para a Argentina em 2024 se deve “ao contexto de um ajuste significativo da política econômica para restabelecer a estabilidade macroeconômica”. O que o FMI chama de ajuste são dois projetos, basicamente, que puseram o país em polvorosa e levaram a uma greve geral na semana passada: o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) 70 e a chamada “Lei Ônibus”, de desregulamentação geral, que o governo tem dificuldade para aprovar no Congresso. O Fundo aposta em crescimento de 5% na Argentina em 2025.

Para toda a região da América Latina e Caribe, a projeção é de crescimento de 1,9% em 2024 (ante estimados 2,5% no ano passado) e 2,5% em 2025. Para o Brasil, a estimativa é de 1,7% neste ano e 1,9% no próximo.

Estados Unidos e China

Segundo o boletim, as perspectivas refletem “resiliência maior que o esperado” nos Estados Unidos e em várias economias emergentes e em desenvolvimento, “assim como o estímulo fiscal na China”. Ainda assim, as previsões para 2024-25 ficam abaixo da média histórica de 3,8% (período de 2000 a 2019). As projeções para os Estados Unidos são de crescimento de 2,17% (2024) e 1,7% (2025). Para a China, de 4,6% e 4,1%.

“A inflação está diminuindo mais rapidamente que o previsto na maioria das regiões, enquanto se dissipam os problemas pelo lado da oferta e se aplicam políticas monetárias restritivas”, afirma ainda o FMI. A previsão é de inflação de 5,8% neste ano e 4,4% no próximo.