Passo atrás

Extrema direita do Chile obtém maioria em votação para conselho de nova Constituinte

O Partido Republicano (PR), ultradireitista, conquistou 22 das 50 vagas no conselho que será responsável pela elaboração da nova Constituição do Chile, em substituição à do ditador Pinochet. Esquerda governista fica em segundo lugar, com 17 assentos

@GabrielBoric/Tiwtter/Reprodução
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"Quero convidar o Partido Republicano, que conquistou uma maioria inquestionável, a não cometer os mesmos erros que cometemos”, destacou Gabriel Boric

São Paulo – Os chilenos foram às urnas, neste domingo (7), e deram vitória à extrema direita do país na eleição dos 50 membros que irão compor um conselho responsável pela elaboração da nova Constituição do Chile. Com mais de 99% dos votos apurados, nesta segunda (8), a legenda ultradireitista Partido Republicano (PR) obteve 35% de apoio e conquistou 22 das 50 vagas no Conselho Constitucional. 

A sigla é liderada pelo ex-candidato à presidência Jose Antonio Kast, derrotado em 2021 pelo presidente Gabriel Boric. O resultado deste pleito, porém, é considerado uma derrota para o governo de esquerda. Com a maioria, os direitistas terão poder de veto durante a elaboração da nova Constituição. A coligação governista de esquerda, Unidad para Chile, ficou em segundo lugar na votação, com 28% dos votos. Os progressistas contarão com 17 assentos no conselho. 

Já a direita tradicional, representada pela coligação Chile Seguro, terminou em terceiro, com 21% dos votos e 11 assentos. Após o resultado eleitoral, o presidente chileno apelou para que a oposição atue com “sabedoria e moderação”. Em pronunciamento nacional, Boric lembrou que é preciso evitar os mesmo erros do processo constitucional, no ano passado, que, dominado pela esquerda, não obteve vitória no plebiscito. 

Boric cobra equilíbrio

“Quero convidar o Partido Republicano, que conquistou uma maioria inquestionável, a não cometer os mesmos erros que cometemos”, disse o líder chileno. “Este processo não pode ser sobre vinganças, mas colocar o Chile em primeiro lugar”, ressaltou.

Em setembro de 2022, um texto redigido pela então Assembleia Constituinte, composta, em sua maioria, por legisladores independentes e de esquerda, foi rejeitado por 62% dos eleitores chilenos. O texto rejeitado foi escrito para substituir a atual Constituição Política do Chile, promulgada em 1980 – durante a ditadura do general Augusto Pinochet, que se estendeu entre 1973 e 1990. Em 2020, 78% dos chilenos votaram a favor da elaboração de uma nova carta constitucional para o país. A proposta inicial foi considerada uma das mais progressistas do mundo. Ela estabelecia, por exemplo, territórios indígenas autônomos e proteções ambientais, assim como reconhecia a igualdade de gênero. 

Em plebiscito, população do Chile rejeita proposta de nova Constituição

Boric acrescentou que há um “movimento pendular” na política do país e que a ausência de um “centro” impede um “ponto de equilíbrio”. Já o líder da extrema direita aproveitou a vitória para disparar contra o presidente. “Hoje é o primeiro dia de um futuro melhor, um novo começo para o Chile”, discursou. “O Chile derrotou um governo falido”. 

Novo plebiscito

Na rejeição do novo texto constitucional, no ano passado, cientistas políticos e juristas alertaram que o processo que levou à derrubada da proposta foi marcado pela manipulação da opinião pública a partir de informações falsas. Agora, os novos conselheiros vão tomar posse no dia 7 de junho e terão cinco meses para redigir uma nova versão. 

As mudanças serão submetidas a um plebiscito marcado para 17 de dezembro. O conselho também será marcado pela paridade de gênero, com 25 vagas para mulheres e 25 para homens. O Parlamento também designará 24 especialistas para o processo. Sendo 12 da Câmara dos Deputados e 12 do Senado do Chile. A nova redação também deverá partir do projeto anterior, mais progressista. 

(*) Com informações da DW Brasil


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