Chile

Michelle Bachelet vence conservadora e volta à presidência do Chile

Ex-presidenta, líder da Nova Maioria, de centro-esquerda, alcança vantagem de 62,2% a 37,8% sobre Evelyn Matthei, candidata do atual presidente Sebástian Piñera

Simpatizante da candidata da Nova Maioria comemora nas ruas da capital chilena <span>(Marcelo Hernández/EFE)</span>Michelle Bachelet caminha em seção eleitora no bairro de La Reina, em Santiago <span>(Marcelo Hernandez/EFE)</span>Zonas eleitorais não tiveram filas, sobretudo nas periferias do país <span></span>

São Paulo – Michelle Bachelet confirmou o favoritismo e será reconduzida ao Palácio La Moneda pela segunda vez. A ex-presidenta (2006-2010), liderando a coligação Nova Maioria, conquistou um novo mandato à frente da presidência da República ao derrotar em segundo turno a candidata governista, a conservadora Evelyn Matthei, ministra do Trabalho do governo do presidente Sebástian Piñera. A vantagem foi ampla: 62,2% a 37,8% dos votos válidos, resultado divulgado pela Serviço Eleitoral chileno com mais de 99,9% dos votos apurados. Bachelet, que foi a primeira mulher eleita presidenta no país, é também a primeira a ser reconduzida.

A imprensa conservadora tem dado mais peso à elevada abstenção, estimada em mais de 50%, do que ao resultado. O favoritismo de Bachelet vinha se configurando desde o início do governo Piñera. O presidente só contou com uma boa taxa de aprovação quando houve o incidente com os mineiros, no norte do país, em seu primeiro ano de governo. Na política – marcada pela tentativa de resgate dos princípios liberais, com redução do papel do Estado na economia e na vida social – o mandatário enfrentou um processo crescente de rejeição.

Como a opção por Bachelet vinha se confirmando há muito tempo, a abstenção não chega a comprometer a qualidade de sua vitória. Parte dos movimentos sociais e estudantis que travaram uma intensa queda de braços com o governo conservador viu na ex-presidenta uma possibilidade maior de diálogo e de emplacar suas reivindicações. A bandeira do sistema de ensino público em todos os níveis, desmontado desde a era ditatorial de Augusto Pinochet, foi incorporada pela Nova Maioria pelo menos como objetivo a perseguir.

“A vitória nesta jornada não é pessoal, é o triunfo de um sonho coletivo. É a voz de vocês que ouvimos em todo o Chile durante todos esses meses a que triunfa. É a voz dos cidadãos que nos últimos anos têm marchado nas ruas, expressando com coragem seus desejos e têm fixado um horizonte e um caminho para nosso país”, afirmou em seu primeiro discurso após o resultado, diante de uma multidão de pessoas que foram até as proximidades do hotel onde o birô da campanha instalara um palco do lado de fora.

Bachelet enfatizou que o resultado ratifica o desejo da população de dar início a “profundas reformas” – em referência a sua proposta de realizar uma Constituinte – e reiterou o compromisso em fazer com que a educação seja “direito de todos, e não mercadoria”. A eleita encerrou sua fala dedicando a vitória a seus, filhos e a sua mãe, a quem atribuiu papel de “guia” na sensibilidade social. E agradecendo seu pai, general Alberto Bachelet, morto na prisão depois do golpe de Estado de 1973. “Ao meu pai, que não deixou de estar comigo um único dia de minha vida, porque sua integridade, seu exemplo, sua valentia e sua crença na pátriame fizeram a cada dia ser quem sou. Sua presença próximo a mim me enche de orgulho e amor.”

Ex-presidente e deputada pedem volta do voto obrigatório

RBASeção eleitoral
Zonas eleitorais não tiveram filas, sobretudo nas periferias do país

Ao observar o baixo comparecimento de eleitores hoje (15), no segundo turno da eleição presidencial, a deputada chilena Camila Vallejo manifestou-se hoje (15) favorável à volta do voto obrigatório no país. A votação deste domingo foi a primeira com participação livre do eleitorado.

Depois de votar, a deputada do Partido Comunista disse à imprensa que é normal pouca gente ter comparecido às urnas e que, por isso, é partidária da inscrição automática e do voto obrigatório. “Novamente um respaldo e apoio a este projeto da Nova Maioría que já se viu nas primárias e que se viu também no primeiro turno”, disse Camila, cuja carreira começou no movimento estudantil.

A proposta de Camila foi aprovada pelo ex-presidente chileno Ricardo Lagos, que fez um apelo aos cidadãos para votar e disse que foi um erro apoiar o voto facultativo. “Em um momento, fui partidário do voto voluntário”, mas pensei, meditei e me dei conta de que é um erro, que creio estar demonstrado”, disse Lagos.

Segundo ele, votar é um direito, que, no fundo, também é uma obrigação. “Pense cinco minutos que é o melhor para o Chile e, de acordo com isso, vote”, concluiu o ex-presidente.

Assim como foi feito no primeiro turno, em novembro passado, o governo disponibilizou transporte gratuito – 1.300 serviços – para facilitar a participação dos eleitores, principalmente dos que vivem em zonas rurais isoladas. Segundo a ministra dos Transportes, Gloria Hutt,a medida beneficiaria mais de 50 mil pessoas que vivem em lugares distantes ou de difícil acesso. Os locais de votação foram os mesmos do primeiro turno.

O sistema de voto facultativo estreou nas eleições municipais de outubro de 2012, com uma abstenção próxima aos 60%, proporção que caiu para pouco mais de 50% no primeiro turno do atual processo eleitoral, em 17 de novembro, quando votaram 6,7 milhões de eleitores. O país tem 12 milhões de eleitores.

Com informações da Agência Brasil, Telesur e da TVN (Televisión Nacional de Chile)

Leia também

Últimas notícias