Ex-aliado, sindicalista promove ato contra Cristina e é criticado

São Paulo – O sindicalista Hugo Moyano, presidente da Confederação Geral do Trabalho (CGT), não teve êxito na tentativa de promover a primeira greve geral da Argentina em 12 anos, […]

São Paulo – O sindicalista Hugo Moyano, presidente da Confederação Geral do Trabalho (CGT), não teve êxito na tentativa de promover a primeira greve geral da Argentina em 12 anos, embora tenha conseguido um ato massivo na Praça de Maio, em Buenos Aires, contra o governo de Cristina Fernández de Kirchner.

Gradativamente afastado do núcleo de poder desde a morte do ex-presidente Néstor Kirchner, e em particular no segundo mandato da presidenta, Moyano ganhou novos amigos na ofensiva contra a Casa Rosada: os veículos de comunicação dos grupos Clarín e La Nación, os dois maiores do país, deram ampla cobertura à marcha, e chegaram a fazer uma seleção de “melhores momentos” do ato encabeçado pelos grêmios de caminhoneiros, origem sindical do presidente da CGT.

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Moyano acusou o governo de “soberba” e se valeu de um velho argumento dos opositores à direita da presidenta ao acusá-la de enriquecer durante a ditadura (1976-83) em vez de lutar pela reconquista dos direitos democráticos. Oficialmente, o ato serviu para cobrar a atualização de um imposto cobrado sobre os maiores salários dos trabalhadores, mas o próprio Moyano fez referência à disputa interna pelo comando da CGT, a maior central sindical argentina, que tem eleições marcadas para 12 de julho. “Não perde nada, senhora presidenta, com dialogar. Isso demonstra grandeza. Espero que com esta capacidade e inteligência que demonstra ter, se dê conta de que não se pode seguir com esta soberba.”

Críticas

Apoiadores de Cristina criticaram a mudança de rumos de Moyano. O deputado Edgardo Depetri, da coalizão presidencial Frente para a Vitória, afirmou que o sindicalista sabe que este governo representou os trabalhadores “como nenhum outro” e que o ato na Praça de Maio representa uma iniciativa contrária aos interesses das classes mais baixas. “Moyano tem uma nova estratégia de poder para ele e seu grupo”, afirmou. “Não se está falando nem de imposto nem de benefícios sociais. É tudo parte de um mesmo fim, de uma estratégia de desgaste do governo nacional.”

A presidenta das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, concordou que a manifestação prejudica o povo. “Os verdadeiros inimigos se aproveitarão para destruir o que se está construindo”, disse. “Isso ocorre em um momento em que o governo dá resposta a todas as demandas que têm a ver com a dignidade do trabalhador.”

Em um ato na província de São Luis, no oeste argentino, a presidenta afirmou que falta muito por fazer e que se deve seguir unido “sem agressões”. “Necessitamos de uma Argentina na qual se discutam ideias com argumentos e fiquem para trás agressões e desqualificações. Valorizemos o que conseguimos.”