Cristina Kirchner promete empresa de petróleo “competitiva” e profissional

Presidenta nomeia engenheiro formado no país, especializado na área e que mudou-se ao exterior por falta de oportunidades

São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, enfatizou a necessidade de que a retomada de controle da YPF signifique uma empresa alinhada aos interesses nacionais e eficiente. Ao sancionar o projeto de lei aprovado pelo Congresso para a reapropriação de 51% das ações da principal corporação do setor, ela garantiu que não usará a administração da área para loteamento político. 

“Acredito que estamos frente a uma oportunidade histórica, mas não podemos ser nostálgicos, sabemos que não podemos voltar à velha YPF que serviu para que dissessem que era ineficiente e a privatizassem”, afirmou durante discurso ontem (4) na Casa Rosada. “Temos de fazer uma empresa moderna, competitiva, profissionalizada, alinhada com os interesses do país.”

Para demonstrar o esforço por uma gestão profissional, ela nomeou para a gerência o engenheiro Miguel Galluccio, natural da província de Entre Rios e formado em 1994 pelo Instituto Tecnológico de Buenos Aires. Durante os anos da crise argentina, Galluccio passou a trabalhar no exterior. Ele foi indicado à presidenta pelo governador de Entre Rios, Sergio Urribarri, que em abril enviou um email pessoal com o currículo do engenheiro. 

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“A ideia é essenciamente uma YPF absolutamente moderna, competitiva, com gente profissional”, acrescentou. Cristina afirmou que o fato de a YPF ter um perfil profissional não significa que não terá orientação política. É uma referência ao motivo da reapropriação da empresa, antes controlada pela espanhola Repsol e que, na visão do governo argentino, não promovia os investimentos necessários na exploração de petróleo e gás, levando ao desabastecimento do mercado interno. Definida em abril, a expropriação foi conduzida rapidamente no Senado e na Câmara, contando com o apoio de parte da oposição. 

“Porque é mentira que possa haver em nenhuma parte do mundo, pelo menos quando o mundo andava bem, as empresas estavam alinhadas com os interesses de seus países. Quando as empresas se desprenderam de seus países foi finalmente quando implodiram esses países. Por isso acredito que não há que confundir política partidária com a política de um país em termos de recursos naturais e estratégicos.”

Para a presidenta, é simbólico que o gerente da nova YPF seja de uma geração que teve de deixar o país por falta de oportunidades e que agora, em um contexto de crescimento econômico e de recuperação, pode retornar. Ela lembrou os problemas criados pelas políticas neoliberais dos anos 1990, com a privatização das empresas nacionais e o enxugamento dos serviços sociais. Cristina indicou que a nova geração tem o desafio de demonstrar que “não pode haver contradição, como tantas vezes se quis colocar na cabeça dos argentinos” entre Estado e eficiência.