Estado único entre Palestina e Israel provocaria apartheid, diz professor

Proposta teria sido formulada por mgrupo de intelectuais árabes e judeus reunidos em Viena

São Paulo – Há cerca de três meses, um grupo de intelectuais árabes e judeus se reuniu em Viena, na Áustria, para discutir a questão dos conflitos entre palestinos e israelenses. A conclusão foi que a solução seria criação de um Estado único, com direito iguais para todos, já que as condições políticas e geográficas não são consideradas favoráveis à criação de um Estado palestino. 

“O projeto de dois Estados está quase morto, o que nos coloca diante de uma inevitabilidade de um Estado único”, disse o professor de Direito Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salem Nasser, à Rádio Brasil Atual.

“Se este Estado será nos moldes propostos, de democracia e igualdade, isso já é um segundo passo, outra coisa.” Ele afirma que o estado unitário que configuraria a união entre palestinos e israelenses será desigual, “um Estado de apartheid”.

Apesar da condenação e não-reconhecimento internacional, Israel não parou o processo de assentamentos judeus em território palestino. Uma das principais áreas ocupadas é a Cisjordânia, onde vivem 350 mil colonos judeus em meio a 2,5 milhões de palestinos.

Em 2011, os Estados Unidos vetaram um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU apresentado pelos países árabes. O projeto condena o Estado de Israel por promover a construções das colônias em territórios palestinos. O texto afirma que as atividades israelenses relacionadas aos assentamentos são ilegais. A interrupção da expansão das colônias é apoiada por mais de 100 países.

Nasser afirma que as colônias são o aspecto mais visível do fato de que “Israel sabota qualquer processo negociador e sabota a ideia de que possa existir um Estado palestino, autônomo e independente”. Segundo ele, a paralisação do processo de negociação com a Palestina por parte dos Israelenses agrava a crise.

O professor ressalta que, com a configuração de um Estado unitário, a possibilidade de Israel querer manter sua dominação sobre os territórios palestinos ocupados é grande, além de esvaziar estes territórios da população majoritariamente palestina. “Talvez Israel tenha nos seus planos manter o controle deste território e depois evitar a todo o custo que se estabeleça uma maioria populacional palestina nele.”

Para ele, a ideia de que extremismos de ambos os lados dificultam ainda mais a trajetória para o fim do conflito, compõe um discurso oficial que procura mostrar que o processo negociador está em dificuldade e que os dois lados contribuem para isso. “Na verdade isso não tem importância, pelo menos no que diz respeito aos palestinos. Eles estão despotencializados, os extremistas palestinos não são um obstáculo para a paz. A paz está sendo sabotada por uma parte que é muito mais poderosa que o Estado Palestino.”

Ouça aqui a entrevista de Salem Nasser à repórter Marilu Cabañas.

 

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