Segue o líder

Donald Trump deve ser responsabilizado por ataque ao Capitólio

Ídolo do bolsonarismo, ex-presidente dos EUA convocou protestos contra a vitória de Joe Biden, com ataque ao Congresso em janeiro de 2021. Houve cinco mortes e 140 feridos. Uma espécie de CPI apura a responsabilidade do derrotado nas urnas, que pode ser processado criminalmente

Wikimedia Commons/ BY 2.0
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Convocados por Trump, apoiadores de todo o país foram a Washington e atacaram o Congresso

São Paulo – O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump deverá ser considerado responsável pelo ataque ao Capitólio – nome dado ao prédio que abriga a sede do Congresso daquele país, em 6 de janeiro de 2021. A invasão de apoiadores do ex-presidente deixou cinco mortos, 140 policiais feridos e cerca de 850 pessoas presas. Segundo o presidente do comitê de investigação do episódio no Congresso, Bennie Thompson, Trump “abriu caminho para a anarquia e corrupção ao incentivar a invasão em 6 de janeiro e deve prestar contas pelo ataque.”

Ídolo do presidente Jair Bolsonaro, que se inspira em seu discurso e ações, Trump convocou seus apoiadores a seguir para Washington no dia em que se confirmou a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais. Em tuíte de 19 de dezembro de 2020, ele disse que a manifestação em 6 de janeiro seria “selvagem”.

O ex-presidente “tentou destruir nossas instituições democráticas”, declarou Thompson durante audiência que concluiu uma série de apresentações públicas do trabalho do comitê, que ouviu assessores e demais funcionários da Casa Branca e do próprio Congresso. Por isso, segundo ele, assim como Trump, todos os responsáveis pelo ataque, inclusive na residência oficial do governo, terão que “responder por seus atos perante a Justiça”. “Isso terá sérias consequências, caso contrário, temo que nossa democracia não se recupere.”

Trump assistia ataque ao Capitólio pela TV

Trump assistiu pela televisão, de sua sala de jantar na Casa Branca, o ataque ao Congresso “enquanto seus conselheiros próximos e familiares imploravam para que ele interviesse”, segundo descreveu a congressista democrata Elaine Luria. “Fracassou no seu dever como comandante-em-chefe dos Estado Unidos, não tendo feito nada para impedir seus apoiadores de atacar o Capitólio”, relataram dois membros da comissão.

Durante a invasão, conforme a congressista republicana Liz Cheney, Trump “não pegou o telefone nem uma vez para ordenar que seu governo ajudasse a polícia”. E segundo depoimento de outros congressistas, integrantes das milícias de extrema direita Proud Boys e Oath Keepers, assim como outros seguidores de Trump, interpretaram a postura do mandatário como um “chamado às armas”.

Só após mais de três horas de terror o então candidato à reeleição, derrotado nas urnas, dirigiu-se aos apoiadores para deixar o Congresso. “Eu entendo sua dor”, disse, em um vídeo postado em seu perfil no Twitter, referindo-se à vitória de Biden. “Mas vocês têm de voltar pra casa agora.”

Aparentemente, a derrota nas urnas que motivou o ataque ao Capitólio não desanimou Trump, que fala em voltar a disputar a Casa Branca em 2024. No entanto, o Ministério Público dos Estados Unidos ainda vai decidir se ele, assim como outros, responderá criminalmente por tentar reverter os resultados das eleições que perdeu em 2020. Se for processado, deverá ser impedido de concorrer.