Relações exteriores

Depois dos Brics, Dilma tenta expandir relações bilaterais com a Itália

Presidenta diz que encontro de chefes de Estado na Rússia teve resultados “excepcionais” e volta a defender uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas

Tiberio Barchielli/Palazzo Chigi/Fotos Públicas

Dilma e o primeiro-ministro Matteo Reinzi

São Paulo – Depois da viagem à Rússia, onde participou da 7ª Cúpula do Brics, na cidade de Ufá, a presidenta Dilma Rousseff desembarcou nesta sexta-feira (10) em Roma, capital da Itália. A viagem oficial começou com uma reunião com o presidente da República, Sergio Mattarella, com quem ela almoçou no Palazzo Quirinale, residência oficial do presidente italiano. Em seguida, se reuniu com o primeiro-ministro Matteo Renzi.

Este é o primeiro encontro oficial da presidenta Dilma com Mattarella e também com Renzi. A Itália é parceira estratégica do Brasil desde 2007. A agenda bilateral entre os dois países é o principal tema das reuniões. As discussões giram em torno de comércio, investimentos, defesa, educação e fortalecimento das parcerias entre pequenas e médias empresas.

“Discuti com o presidente e com o primeiro-ministro as oportunidades de investimentos que se abrem no Brasil na área de ferrovia, por exemplo. Várias empresas italianas podem participar dos leilões, nas áreas de rodovias, portos e aeroportos. Convidei todos os empresários italianos a intensificarem sua presença no Brasil por meio da participação nessa nova fase do programa (Programa de Investimento em Logística)”, disse em declaração à imprensa acompanhada de Renzi.

Negociações sobre mudanças climáticas e os desafios à paz também estão na agenda. As críticas do Brasil ao funcionamento do Conselho de Segurança da ONU podem ter feito parte das conversas.

Ontem, ainda na Rússia, Dilma defendeu uma reforma no conselho: “O Brasil acredita que um Conselho de Segurança da ONU reformado e ampliado será mais legítimo e eficaz no exercício da importante função de preservar a paz internacional e a segurança coletiva”, disse ela, durante sessão plenária dos chefes de Estado, em alusão ao distanciamento entre a cúpula das Nações Unidas da busca de soluções para a ausência de condições de vida em várias partes do mundo, desencadeando o êxodo de milhões de refugiados de seus locais de origem.

No plano comercial, Itália foi um dos dez principais parceiros do Brasil no ano passado. De 2008 a 2014, o fluxo de negócios entre os dois países apresentou expansão de 10%,  de US$ 9,38 bilhões para US$ 10,33 bilhões. A balança é favorável à Itália. O Brasil importou U$ 6,3 bilhões e exportou U$ 4 bilhões aos italianos no ano passado. De janeiro a junho de 2015, a balança comercial entre os dois países movimentou U$ 4,1 bilhões (o Brasil exportou U$ 1,6 bilhão, contra U$ 2,5 bilhões em importações).

Dilma também se encontrou em Roma com o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano.

Depois da capital italiana, ela embarca para Milão, uma das cidades mais ricas da Itália, onde visita a Expo Milão 2015, feira cujo tema este ano é “Alimentar o Planeta – Energia para a Vida”.

Brics

Dilma Rousseff disse que os cinco países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) fizeram importante evolução no sentido de implementar o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o fundo destinado a socorrer os integrantes em eventuais crises de financiamento externo. A presidenta afirmou que a cúpula teve resultados “excepcionais”.

“O acordo de reservas (CRA, na sigla em inglês) serve de amortecedor para as crises financeiras, para o fato de os mercados oscilarem”, declarou a presidenta em entrevista à emissora de televisão russa RT.

Ela previu um papel decisivo pelo grupo no cenário internacional. “O comércio e os investimentos (dos Brics) serão fundamentais. Para tanto, o conselho empresarial dos Brics também vai cumprir um papel estratégico. Os Brics têm sido responsáveis por cerca de 40% do crescimento mundial e pela intensificação dos fluxos econômicos entre os países do mundo. Agora, esses fluxos entre nós trará benefícios para as nossas economias diante do cenário internacional e também para o mundo.”

Dilma esclareceu que, pelo menos no momento, os recursos do fundo de reservas (US$ 100 bilhões) não poderão ser usados para ajudar a Grécia. “Espero que a União Europeia resolva a questão da Grécia. O processo de negociação está aberto. O novo banco e o fundo de reservas não funcionam como órgão multilateral”, disse. Segundo a presidenta, o fundo só poderá ser utilizado pelos países do Brics.

A presidenta mencionou as turbulências econômicas decorrentes da crise internacional iniciada em 2008, e que também afetam atualmente, em maior ou menor grau, o Brasil, a Rússia e a China. Esta semana, a bolsa de valores chinesa sofreu fortes oscilações e assustou o mundo. Ela manifestou otimismo quanto ao Brasil. “Vamos sair rápido da crise”, disse.