Convite para Evo Morales gera conflito entre opositores

Presidente, que iria pela primeira vez à maior feira empresarial boliviana, cancelou visita depois de racha dentro da classe alta de Santa Cruz de la Sierra

Os empresários de Santa Cruz convocaram uma assembleia extraordinária para rechaçar o convite feito a Evo Morales (Foto: Antônio Cruz. Agência Brasil)

Na Bolívia, um simples convite nunca é tão simples quanto parece. Principalmente quando envolve o presidente Evo Morales e a elite de Santa Cruz de la Sierra, principal departamento (estado) opositor.

O presidente deveria nesta quarta-feira (16) participar da inauguração da ExpoCruz, a maior feira de negócios da Bolívia. Depois de anos de uma inédita ausência na história democrática boliviana, Morales foi convidado pelo presidente da Câmara de Indústrias, Comércio e Turismo (Cainco), Eduardo Paz.

Paz, por sua vez, foi imediatamente tachado de traidor pelos empresários crucenhos, que pediram o cancelamento do evento. De volta de sua viagem à Espanha, o presidente reagiu cancelando sua presença, além de classificar de racista a posição assumida pelo Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, órgão que atribuiu para si o poder do departamento mais rico da Bolívia e que é acusado de financiar espancamentos contra seguidores do governo. “Não irei, jamais estive desesperado para ir aonde não querem que eu vá. Para que vamos nos prejudicar, vamos fazer conflito?”, ponderou o presidente.

A ExpoCruz é um dos principais eventos das comemorações do aniversário de Santa Cruz, 24 de setembro. Anualmente, desfila-se pela feira o orgulho de ser crucenho, um povo que se afirma trabalhador e que nos últimos anos alimenta o preconceito contra os indígenas do altiplano, tidos como preguiçosos e retrógrados.

A Cainco, espécie de sindicato patronal crucenho, esteve desde o início do governo Morales intimamente ligada com o Comitê Cívico Pró-Santa Cruz como ala opositora. Ano após ano, a decisão de deixar Morales fora da abertura da feira era vista como um modo de mostrar o desagrado dos empresários da região ao presidente.

Com agências internacionais

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