Chávez apresenta quadro de insuficiência respiratória

Em comunicado oficial, ministro de Comunicação da Venezuela condena 'guerra psicológica' em torno da doença do presidente

São Paulo – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sofre insuficiência respiratória como consequência de uma “severa infecção pulmonar” após a operação a que foi submetido em 11 de dezembro em Havana, informou na noite de quinta-feira (3) o governo venezuelano.

“Após a delicada cirurgia de 11 de dezembro, o comandante Chávez enfrentou complicações como consequência de uma severa infecção pulmonar”, indicou o ministro de Comunicação do país, Ernesto Villegas, em uma cadeia de rádio e televisão. “Esta infecção derivou em uma insuficiência respiratória que requer do comandante Chávez um estrito cumprimento do tratamento médico”, acrescentou.

Villegas reiterou a confiança do governo na equipe médica que atende Chávez, “que deu acompanhamento permanente à evolução clínica do paciente e agiu com a mais absoluta rigorosidade perante cada uma das dificuldades apresentadas”, disse.

Além disso, denunciou a “guerra psicológica que a mídia transnacional suscitou ao redor da saúde do chefe do Estado com o fim de desestabilizar” a Venezuela e desconhecer a vontade popular expressada nas eleições de 7 de outubro, vencidas por Chávez.

Maduro

Mais cedo, o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que a única transição possível no país é “ao socialismo”. Maduro também abordou a tentativa do governo do país de entrar em contato com os Estados Unidos após a reeleição de Chávez, em outubro. O vice-presidente lamentou a existência de uma campanha para relacionar esse fato com a doença do presidente.

Vários veículos da imprensa, entre eles o El Nuevo Herald, de Miami, assinalaram que Maduro manteve contatos com a secretária de Estado dos EUA para a América Latina, Roberta Jacobson, com o objetivo de restaurar os embaixadores e normalizar os laços diplomáticos.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, não confirmou nesta quinta-feira esse contato, mas assinalou que o Departamento de Estado “conversa com venezuelanos de todo o espectro político, como fazemos nos países de todo o mundo”.

As tensões entre os dois países ocorrem há pelo menos uma década. Em 2002, quando um golpe de Estado tentou derrubar Chávez, o presidente venezuelano acusou os EUA de estarem por trás. Medidas concretas vieram em 2008, quando Caracas expulsou o embaixador Patrick Duddy, sob a acusação de que o diplomata estaria participando de uma conspiração contra o governo chavista.

Em retaliação, Washington expulsou o embaixador venezuelano Bernardo Álvarez Herrera, que chegou a ser reaceito no posto pelo governo norte-americano, mas depois teve o visto revogado em 2010, quando a Venezuela rejeitou a nomeação de Larry Palmer para o posto em Caracas. Os dois países, porém, mantêm suas respectivas embaixadas, lideradas por encarregados de negócios.  

“Nos últimos dias vimos que houve uma tentativa de manipular um evento que simplesmente foi desenvolvido com a autorização do presidente da República nos últimos dias de novembro, princípio de dezembro, e tem a ver com a relação com o governo dos EUA”, disse Maduro em um ato público em Caracas.