Fúria

Câmara barra projeto de Milei, que solta a artilharia e chama deputados de ‘delinquentes’

Para o presidente argentino, uma “casta política” não quer perder privilégios para continuar roubando

Telam
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Milei: "Começaram a retalhar nossa lei (…) para sustentar os mecanismos pelos quais roubam os argentinos"

São Paulo – O megaprojeto popularmente chamado de “Lei Ônibus”, apresentado por Javier Milei nos primeiros dias de seu governo, voltou à estaca zero na Câmara, o que provocou a fúria do presidente argentino. Em seguidas mensagens nas redes sociais, ele publicou fotos de parlamentares “traidores” e acusou deputados de formar “um conjunto de delinquentes que querem uma Argentina pior”.

Um dos principais pontos de discórdia se concentrou no capítulo sobre reforma do Estado. A proposta original dava super poderes ao governo. Assim, o Executivo teria a capacidade de “centralizar, fundir, transformar a classificação jurídica, reorganizar, dissolver ou suprimir total ou parcialmente órgãos ou entidades que compõem o setor público”. O item sobre privatizações também enfrentou obstáculos.

Desde a semana passada, o projeto havia tido pequenos avanços, mas “desidratado”. Agora, a Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, seu nome original, voltará para as comissões temáticas.

Milei destemperado

Milei foi informado sobre a derrota parlamentar durante sua viagem a Israel. E reagiu no estilo destemperado: “Ontem, a sessão da Câmara dos Deputados, a casta política, como chamamos esse conjunto de delinquentes que querem uma Argentina pior, porque não estão dispostos a ceder seus privilégios, começaram a retalhar nossa lei (…) para sustentar os mecanismos pelos quais roubam os argentinos. Nesse sentido, dei a ordem de suspender o projeto”, afirmou em entrevista coletiva concedida após reunião com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Ele também compartilhou tuítes com críticas e ataques aos parlamentares, alguns bastante ofensivos.

Já o ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que a não aprovação da lei não afeta o programa econômico, nem o ajuste de contas fiscais, mas implicará – “É óbvio” – em maior ajuste. Ele disse ainda que o governo conseguiu equilíbrio financeiro” em janeiro. E manifestou otimismo com a inflação: “Vários economistas projetavam 30% de inflação para dezembro, 30% para janeiro e 20% para fevereiro. Pois bem, veio 25% em dezembro, 20% em janeiro e em fevereiro ficará abaixo de 20%.”

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