Aviões militares abrem fogo contra manifestantes contra Khadafi na Líbia, diz TV

Há relatos de cadáveres espalhados pelas ruas de Trípoli

Crise política e confrontos alcançaram maior nível nesta segunda (Foto: Osman Orsal/Reuters)

São Paulo – Aviões militares atacaram uma multidão de manifestantes contrários ao governo de Muamar Khadafi em Trípoli, capital da Líbia. A informação foi divulgada pela rede de televisão do Catár Al Jazeera. Outras agências internacionais de notícias confirmam a informação. Segundo a agência Lusa, há cadáveres espalhados por várias ruas da cidade e os tiroteios não cessam.

No centro da capital, vários edifícios públicos foram incendiados nesta segunda-feira (21) , inclusive o Parlamento. Os manifestantes contrários ao governo do presidente da Líbia, Muammar Khadafi, não demonstram intimidação mesmo com a forte presença policial.

O líbio Soula al-Balaazi, que disse ser ativista da oposição, afirmou à rede por telefone que caças da Força Aérea líbia bombardearam “alguns locais em Trípoli”. Ele disse que falava de um subúrbio de Trípoli. Outro morador da capital também afirmou à TV que diversas áreas da capital estão sendo bombardeadas.

“O que estamos testemunhando hoje é inimaginável. Aviões de guerra e helicópteros estão bombardeando indiscriminadamente uma área após a outra. Existem muitos, muitos mortos”, afirmou Adel Mohamed Saleh. Questionado se o bombardeio ainda estava acontecendo, ele disse: “Continua, continua. Qualquer um que se movimente. Mesmo os que estão em seus carros, eles atingirão você.”

Tiros foram ouvidos no bairro de Ben Achur, um dos mais caros de Trípoli. Segundo testemunhas, faltou luz e o som dos tiros predominava. Em outra zona residencial, a cerca de 9 quilômetros do centro de Trípoli, foram ouvidos tiros de artilharia pesada. Nessa área vários integrantes do governo têm casas.

Análise

Um analista da consultora Control Risks, com sede em Londres, afirmou que o uso de aeronave militar contra o seu próprio povo indica que o fim está próximo para Muammar Gaddafi.

“Esses realmente parecem ser os últimos e desesperados atos. Se você bombardeia a sua própria capital, é muito difícil ver como você pode sobreviver”, disse Julien Barnes-Dacey, analista da Control Risks para o Oriente Médio.

“Mas eu acho que Khadafi vai comprar a briga. Acho que os rumores dele fugindo para a Venezuela vão se provar errados. Na Líbia, mais do que em qualquer outro país na região, há a perspectiva de violência grave e conflito direto.

O secretário de Relações Exteriores britânico, William Hague, afirmara mais cedo que Gaddafi poderia estar se dirigindo para a Venezuela, mas tanto o governo de Caracas quanto o de Tripoli negaram a informação.

ONU e UE reagem

O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, teve uma longa discussão com o líder da Líbia, Muammar Gaddafi, nesta segunda-feira, na qual ele condenou a crescente violência no país. Ban disse ainda que isso “deve parar imediatamente”, segundo um porta-voz da ONU.

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia, reunidos em Bruxelas (Bélgica), condenaram, por meio de nota, a “repressão de manifestantes na Líbia” e exigiram o “fim imediato” do uso da força. 

Eles condenam a repressão em curso contra os manifestantes na Líbia e lamentam a morte de civis. “O recurso à violência contra os manifestantes deve cessar imediatamente e todas as partes devem dar mostras de contenção”, acrescenta a nota. 

Na última semana em que o governo da Itália reclamou do excesso de imigrantes ilegais, registrados na costa do país, e o governo do presidente da Líbia, Muammar Khadafi, ameaçou abandonar a cooperação com a União Europeia.