Argentinos querem nome de escritor morto pela ditadura em estação de metrô

São Paulo – Movimentos sociais argentinos apresentaram projeto para que seja dado o nome do escritor Rodolfo Walsh a uma estação do metrô de Buenos Aires. Se a ideia for […]

São Paulo – Movimentos sociais argentinos apresentaram projeto para que seja dado o nome do escritor Rodolfo Walsh a uma estação do metrô de Buenos Aires. Se a ideia for aprovada pelos legisladores da província, a parada Entre Ríos simbolizará a proximidade do lugar no qual o jornalista foi sequestrado, em 1977, e morto horas depois na Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA), principal centro de tortura e morte do regime encerrado em 1983.

Walsh foi raptado logo após escrever “Carta aberta de um escritor à Junta Militar”, que marcava um ano do golpe denunciando as violações de direitos humanos que vinham ocorrendo no país e que rapidamente se transformou em um texto-símbolo do período. O corpo do militante jamais foi encontrado, e alguns dos responsáveis por sua morte têm sido julgados.

Esta semana, Mães da Praça de Maio e HIJOS, a organização que reúne filhos de militantes desaparecidos, realizaram uma manifestação na qual colaram cartazes para promover a troca do nome. Outros grupos aproveitaram o Dia do Jornalista no país vizinho para espalhar grandes retratos do escritor e faixas que diziam que as paredes são a imprensa do povo.

Folhetos colocaram em destaque um conhecido parágrafo de Walsh: “Nossas classes dominantes procuraram sempre que os trabalhadores não tenham história, não tenham doutrina, não tenham heróis nem mártires. Cada luta deve começar de novo, separada das anteriores. A experiência coletiva se perde, as lições se esquecem. A história aparece assim como propriedade privada cujos donos são os donos de todas as coisas. Esta vez é possível que se rompa o círculo.”

Segundo o diário portenho Página12, os movimentos querem mudar o nome de outras estações, homenageando líderes populares com uma linha do metrô que está por ser aberta e trocando o nome da estação Vice-reis pelo de Tupac Amaru, responsável por uma revolta dos incas contra o governo colonial espanhol. Em paralelo, o Sindicato dos Trabalhadores do Metrô está realizando uma campanha para levantar os nomes de todos os afiliados que foram sequestrados e mortos pelos militares. 

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