Guerra na Europa

Rússia e Ucrânia têm nova rodada de negociações nesta terça na Turquia

Segundo chanceler russo, objetivo de Moscou é que “povo de Donbass nunca mais sofra com o regime de Kiev”. “Há chance de um acordo”, diz Sergei Lavrov

© Sputnik / Viktor Antonyuk
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Terminal do Aeroporto de Mariupol "libertado" pelas forças da República Popular de Donetsk, aliadas aos russos

São Paulo – Nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia está prevista para esta terça-feira (29), em Istambul, na Turquia. A reunião deve começar às 4h (hora de Brasília), ou 10h no horário local. O encontro, segundo agências internacionais, teria sido adiado em um dia devido a problemas logísticos. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que uma série de negociações deverão ocorrer entre terça e quarta-feira (30).

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que seu país negocia com a Ucrânia para garantir que “o povo de Donbass nunca mais sofra com o regime de Kiev”. “Somos obrigados a garantir que a Ucrânia deixe de ser um país que se militariza constantemente e tenta colocar armas de ataque lá que ameacem a Federação Russa”, acrescentou.

Segundo Lavrov, “há chance de um acordo, porque há uma compreensão dos erros mais sérios de longo prazo de nossos parceiros ocidentais, embora por razões óbvias é improvável que eles digam isso em voz alta.” O diplomata disse ainda que Moscou tem motivos para acreditar que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) começa a perceber as evidências de segurança mais sérias e legítimas do Kremlin e tende a entendê-las.

Putin e Zelensky

Lavrov reiterou a necessidade de um encontro entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky, num momento em que “os principais entraves” forem resolvidos. “Esta reunião será necessária quando conseguirmos esclarecer melhor a solução dessas questões fundamentais. Estamos chamando a atenção para essas questões há muitos anos. O Ocidente não estava nos ouvindo, mas agora finalmente está. Já é alguma coisa”, disse o chanceler.

Moscou exige a desmilitarização e “desnazificação” da Ucrânia, o compromisso de o país não entrar para a Otan, o reconhecimento da anexação da Crimeia e da autonomia de Donbass. Já a Ucrânia quer garantias de segurança do Ocidente e a integridade de seu território.

O presidente ucraniano disse no domingo que seu país estaria preparado para aceitar o “status neutro” exigido pela Rússia. No entanto, Moscou tem dito que Zelensky não tem demonstrado ser um interlocutor confiável.

Aeronaves abatidas

De acordo com o Ministério da Defesa (MD) da Rússia, um helicóptero Mi-8 “que chegava a Mariupol para resgatar líderes do batalhão nacionalista Azov” foi abatido nesta segunda-feira (28). Teriam sido eliminados também dois caças, Su-24 e Su-25, nas regiões de Zhitomir e Donetsk. A pasta diz ainda que mísseis Kalibr destruíram grandes depósitos com munições na região de Zhitomir.  

Autoridades da República Popular de Donetsk (RPD) – declarada independente da Ucrânia por Moscou – relataram ter avançado na direção de Mariupol, no sul da Ucrânia, ainda controlada pelas forças de Kiev. Mas, com ajuda russa, as forças da RPD tomaram o controle dos subúrbios, incluindo o aeroporto, de acordo com o site Sputnik Brasil. A cidade estratégica está sitiada desde a semana passada.

As Forças Armadas da Rússia estão apoiando Donetsk (RPD), no Donbass, e a libertação da região é um dos principais objetivos do que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, chama de “operação militar especial” lançada sobre a Ucrânia em 24 de fevereiro. A República Popular de Luhansk (RPL) está na mesma região e também é pró-Russia. RPD e RPL sofriam bombardeios das Forças Armadas da Ucrânia e dos batalhões neonazistas nacionalistas sistematicamente, segundo Moscou.