“Estamos decididos a governar até 2020”, afirma Néstor Kirchner

Ex-presidente retorna ao comando do Partido Justicialista com ataques à oposição que, na visão dele, quer derrubar Cristina

(Foto: José Cruz/ABr)

O ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner, voltou ao comando do Partido Justicialista – também conhecido como Peronista – afirmando que pretende governar até 2020. “Minha missão é que estejamos todos juntos em um espaço nacional, popular e progressista no qual não estejam somente peronistas para construir um projeto de pluralidade absoluta, sem hegemonias”, afirmou.

Em um ato em Chaco, Kirchner apareceu ao lado do governador de Buenos Aires e fiel oficialista, Daniel Scioli, do líder sindical Hugo Moyano, base de apoio do kirchnerismo, e governadores alinhados aos atuais ocupantes da Casa Rosada. Alguns dos mais altos políticos do PJ, no entanto, não compareceram, evidenciando os infindáveis rachas dentro do partido.

Em seu discurso, o “Pinguim” fez uma revisão das conquistas do governo da esposa, Cristina de Fernández Kirchner, e evitou antecipar o debate sobre as eleições de 2011, que já tem pré-candidatos dentro do justicialismo e fora dele, como Maurício Macri, o conservador prefeito de Buenos Aires, do PRO.

Para o jornal Pagina 12, de Buenos Aires, o discurso de Kirchner focou-se nos setores da oposição que apostam em encurtar a gestão kirchnerista. “Não é momento de falar de candidaturas, mas de ajudar a Cristina para construir a pátria”, afirmou o ex-presidente. “O plano de obras públicas do governo é o mais ambicioso desde 1945. A oposição, enquanto isso, é uma máquina de impedir para tentar chegar ao governo. Há que recuperar a iniciativa em todas as ordens para que os argentinos não paguem pela irresponsabilidade de alguns”.

Os ataques à oposição continuaram sem meias palavras, afirmando que são os mesmos que escaparam em 2001, quando o país mergulhou em uma crise econômica e política que gerou a saída da Casa Rosada, de helicóptero, de Fernando de la Rúa e a assunção de presidentes justicialistas que ficaram pouco tempo no poder até a eleição de Néstor Kirchner.

Mesmo falando em governar por mais uma década, na qual seria feita a distribuição de riqueza, Kirchner garantiu que não se trata do lançamento de sua candidatura de retorno à Casa Rosada. Desgastado pelos embates com o setor rural e com a crise econômica, o kirchnerismo chegou a seus mais altos índices de rejeição no ano passado, quando saiu derrotado das eleições legislativas, perdendo o controle da Câmara e do Senado. Na ocasião, Kirchner deixou a presidência do PJ afirmando que precisava assumir a responsabilidade, mas agora retomou o cargo que lhe dá visibilidade e a possibilidade de deslocar-se pelo país. Nesta quinta-feira (11), por exemplo, ele comparece a um ato organizado por 19 organizações peronistas, em sua maioria ligados à juventude do partido. Passado o pior momento da crise, Kirchner retoma o discurso de união do peronismo, convocando setores da sociedade para que ajudem o governo.

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