Lula defende diálogo com Irã e Colômbia

Lula com Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, durante a Cúpula do Mercosul (Foto: Ricardo Stuckert / PR) São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta […]

Lula com Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, durante a Cúpula do Mercosul (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira (3), durante a 39ª Cúpula do Mercosul, esperar que o mandatário colombiano, Álvaro Uribe, converse com ele durante a visita que realizará no próximo sábado a Bogotá. O brasileiro defendeu ainda diálogo com o governo do Irã, tanto em relação ao programa nuclear quanto sobre o apelo de concessão de asilo a uma mulher condenada à morte no país do Oriente Médio.

A Cúpula ocorre em San Juan, na Argentina. Lula segue para a Colômbia para a posse de Juan Manuel Santos. Uribe criticou o presidente brasileiro na semana passada por ter afirmado que a crise política entre Colômbia e Venezuela era marcadamente pessoal. Os países andinos romperam laços diplomáticos em função de acusações de que o governo de Hugo Chávez toleraria a presença das orças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) em seu território.

Em seu discurso, Lula abordou ainda outros temas, como o aumento da confiança registrado entre os governantes da região. Ele ainda comparou o êxito do Mercosul com o fracasso da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e destacou as ocasiões em que os países do Cone Sul tiveram oportunidades de se reunir com nações árabes e africanas.

Lula foi o último líder sul-americano a discursar no encontro desta terça, do qual participam os presidentes de Argentina, Cristina Kirchner, Paraguai, Fernando Lugo, e Uruguai, José Mujica, dos países-membros do bloco, além dos mandatários dos associados Chile, Sebastián Piñera, e Bolívia, Evo Morales. Outros presentes são os chanceleres de Venezuela, Nicolás Maduro, e México, Patricia Espinosa.

Irã

Evo Morales, Sebastián Piñera e Lula

Lula voltou a defender diálogo também com o Irã. Em San Juan, na Argentina, ele manifestou-se contrariamente à imposição de sanções à República Islâmica por seu programa nuclear.

As relações com o Irã são um tema sensível na Argentina, onde o governo exige a extradição de autoridades iranianas, entre elas o ministro de Defesa, por eventuais vínculos com o atentado, em 1994, que destruiu a sede de uma entidade judaica em Buenos Aires e no qual morreram 85 pessoas.

Nos últimos meses, Lula tem criticado insistentemente as potências do Conselho de Segurança da ONU por terem imposto novas sanções ao Irã, depois de o Ocidente ter rejeitado um acordo que permitia a troca de combustível nuclear com a República Islâmica conduzido pelo presidente brasileiro em conjunto com a Turquia.

“Eu, Cristina, não conhecia o presidente do Irã, até que, uma dia, o encontrei na ONU e decidi conversar com ele”, disse Lula, dirigindo-se à presidente da Argentina, Cristina Fernández Kirchner, que preside a reunião de cúpula do Mercosul na cidade andina de San Juan. “O que me deixa profundamente chateado é que nenhum dos presidentes, dos poderosos do Conselho de Segurança, conversou com ele”, acrescentou Lula.

Do Mercosul fazem parte Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, além de contar com a Bolívia e Chile como sócios não plenos, além da Venezuela, que se encontra em processo de adesão ao bloco sul-americano.

Estados Unidos e países da União Europeia acreditam que o programa nuclear iraniano não tenha fins exclusivamente pacíficos, para geração de energia elétrica, como defende o governo de Teerã. Funcionários dos Estados Unidos tem afirmado que a tentativa de acordo ensaiada pelo Brasil e pela Turquia é uma tática do Irã para ganhar tempo.

Lula disse ainda que as sanções são contraproducentes, já que podem afetar empresas de países como o Brasil e a Argentina, mas não as companhias de nações ricas.