A Comunidade Terapêutica e os dependentes químicos

Espiritualidade, disciplina e trabalho é o tripé usado para recuperar doentes

Tânia Diamantino fala aos dependentes e familiares durante o encontro de sobriedade (Foto: Arquivo Fundação Padre Gabriel)

Barretos – Instalada no antigo Hospital Psiquiátrico Vale do Rio Grande, no bairro Derby Club, a Comunidade Terapêutica é uma entidade mantida pela Fundação Padre Gabriel Correr, com capacidade para atender até 30 pessoas do sexo masculino, a partir dos 18 anos. A condição essencial para que o dependente seja aceito na casa é que ele queira fazer o tratamento. “Não há internação obrigatória”, diz a assistente social Amanda Ferrari Carvalho. 

Depois de passar por triagem, o admitido realiza um tratamento com duração de seis meses, acompanhado por profissionais de várias áreas. A maioria da equipe já foi treinada pela Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas. Para manter o projeto, a instituição conta com a parceria da Prefeitura Municipal e o apoio da Comunidade, afirma a presidente Tânia Diamantino. A contribuição de sócios colaboradores, a doação de alimentos, colchões, equipamentos e outros produtos ajudam para que o atendimento seja gratuito. 

Em abril, lideranças da entidade apresentaram o projeto da Comunidade Terapêutica ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que visitou a cidade. De acordo com Tânia, o ministro ficou de viabilizar uma forma para ajudar na manutenção dos recursos humanos da instituição.

Casa de triagem é a porta de entrada

Assistente Social Amanda Carvalho e psicóloga Fernanda Pacheco atual na Casa de Triagem (Foto: Aquino José)A Casa de Triagem Sagrada Família é a porta de entrada da Comunidade Terapêutica. Instalada na Avenida Um, 682, na esquina da Rua Vinte, bairro Fortaleza, ela acolhe, fortalece os vínculos familiares e apoia os dependentes químicos e do álcool. Profissionais especializados realizam atendimentos individuais e trabalho em grupo. O funcionamento é de segunda-feira a sexta-feira, das 8 h às 12 h e das 13 h às 17 h. Às quartas-feiras, à noite, há atendimento médico. O agendamento é feito pelo telefone (17) 3324-4735.

Segundo a psicóloga Fernanda Cristina Pacheco, desde a sua abertura, a Casa de Triagem tem reconhecimento de utilidade pública pelo município e já atendeu cerca de 400 casos – em média 30 famílias por semana. As situações que exigem tratamento clínico são encaminhadas para internação em outras cidades, por meio da Secretaria Municipal de Saúde. A partir de maio o atendimento passa a ser feito pela Comunidade Terapêutica.

Outro apoio importante destacado pela psicóloga é desempenhado pela Pastoral da Sobriedade da Igreja Católica. O grupo realiza reuniões no local, às segundas-feiras, a partir das 19 horas, com ações que visam resgatar o dependente e sua família. “O objetivo é proporcionar saúde e promover a dignidade das pessoas”, conta Fernanda. “O fácil acesso que facilita a proliferação do crack é uma das preocupações da entidade”, diz a psicóloga. Ela lembra que o álcool é a porta da entrada para as drogas ilícitas e o que registra o maior índice de dependência.