memória

Legado da sem-terra Rose Seleste será exibido no Canal Brasil

Agricultora que virou símbolo da luta pela reforma agrária e defensora dos direitos das mulheres teve sua vida interrompida aos 33 anos, em 1987. Emissora exibe três documentários sobre a ativista

MST

Rose foi uma das líderes na ocupação da Fazenda Annoni, em 1985 – a maior do MST no Rio Grande do Sul

São Paulo – O canal de TV por assinatura Canal Brasil exibe, nesta quarta-feira e quinta-feira (20 e 21), uma trilogia de filmes que contam a história da agricultora sem terra Roseli Seleste Nunes da Silva. Rose, como era conhecida foi ativista pela reforma agrária e defensora dos direitos das mulheres, mas teve a sua vida interrompida aos 33 anos, em 1987.

Durante uma manifestação pacífica no trevo do município de Sarandi, interior do Rio Grande do Sul, ela foi atropelada por um caminhão carregado de ferro jogado contra as famílias do acampamento. Ela deixou três filhos pequenos. Um deles, Marcos Tiaraju, foi o primeiro bebê a nascer num acampamento de trabalhadores sem-terra, tornou-se médico e, hoje trabalha junto ao movimento, 

O primeiro dos documentários sobre a vida da ativista será exibido nesta quarta às 18h. Terra Para Rose(1987) registra a ocupação na Fazenda Annoni, em 1985, um latifúndio improdutivo de mais de 9 mil hectares localizado no município de Pontão, na região Norte do Rio Grande do Sul.

Amanhã, mais dois filmes estão na programação da emissora. O primeiro é Sonho de Rose – 10 Anos Depois(2000), às 18h, que volta à rotina do acampamento da Fazenda Annoni, retratando o sonho de camponeses que conseguiram sua terra e resgata a história da família da agricultora. 

Na sequência, às 19h35, o curta-metragem Fruto da Terra (2008) traz a história de Marcos Tiarajú que, aos 22 anos, tornou-se bolsista de medicina, em Cuba.

A ocupação da Fazenda Annoni foi a primeira e a maior já realizada por famílias organizadas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em território gaúcho. Rose se somou às fileiras de uma marcha de 300 quilômetros até Porto Alegre, onde os camponeses ocuparam a Assembleia Legislativa. Eles permaneceram por dois meses no local, até conquistarem uma solução para os trabalhadores que ainda estavam acampados na Annoni.

Em 31 de março de 1987, durante um protesto contra as altas taxas de juros e a indefinição do governo em relação à política agrária que se estendeu por vários municípios, um caminhão investiu contra uma barreira humana formada na BR-386, em Sarandi. A ação resultou em 14 agricultores feridos e em três mortos: Lari Grosseli, de 23 anos; Vitalino Antonio Mori, de 32 anos; e Roseli Nunes, 33.