Campanha fake

Saiba como o caixa 2 impulsionou a campanha de Bolsonaro

Recursos ilegais ajudaram a financiar mensagens direcionadas a grupos específicos, que tiveram seu cadastro com idade, preferência e interesses vendidos, comenta professor Sérgio Amadeu

Fernando Frazão EBC/Reprodução

Doações ilegais de empresários, proibidas por lei, podem chegar a R$ 12 milhões, para compra de “pacotes de mensagens”

São Paulo – A chefe da missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), Laura Chincilla, grupo que acompanha o processo eleitoral brasileiro, manifestou, nesta quinta-feira (25), sua preocupação sobre o uso que tem sido feito do aplicativo WhatsApp para disseminação de notícias falsas, as chamadas fake news, nestas eleições. “O fenômeno que estamos vendo no Brasil não tem precedentes”, destacou Laura chamando atenção para o fato de ser a primeira vez que a rede privada é usada com essa finalidade dentro de uma democracia.

Sociólogo e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Sérgio Amadeu concorda com a chefe da missão da OEA, afirmando a relevância do WhatsApp nas campanhas eleitorais como um veículo informativo usado principalmente na propagação de notícias falsas, em sua maioria, relacionadas ao candidato Fernando Haddad (PT) e a favor de seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL) que, como denunciado pelo jornal Folha de S.Paulo, recebeu recursos ilegais de empresários que bancaram disparos em massa pelo Whatsapp contra Haddad.

Na prática, segundo explica o professor, em entrevista ao apresentador Leandro Chaves, do Seu Jornal, da TVT, o esquema de caixa 2 e o posterior alcance das fake newsdecorrem não só da montagem de grupos no aplicativo, mas também da compra de dados e cadastros de usuários da rede que permitem identificar, por exemplo, interesses sociais, causas, preferências políticas e a faixa etária.

“Foi feito um trabalho de disparar mensagens que visavam sensibilizar aquele segmento social. Por isso que a campanha dele não tem uma lógica, é uma campanha confusa, porque ela é feita com a técnica do micro target“, explica em referência ao direcionamento de mensagens que atendam ao interesse de grupos específicos, citando como exemplo as propagandas que aparecem enquanto navega-se pela internet e que não se repetem com outros usuários porque são dirigidas especificamente a quem está navegando naquele momento. 

“No caso do WhatsApp, eles chegaram a combinar campanhas dos grupos que criavam seus memes, com uma campanha que era feita por robôs, por pessoas contratadas e com disparadores do Brasil e de fora do Brasil”, observa Amadeu.

Assista à entrevista completa: