nas ruas

Frentes populares iniciam nesta terça atos de resistência após vitória de Bolsonaro

Segundo Guilherme Boulos, a ideia é construir um movimento por uma frente ampla contra a ruptura democrática: 'Entre a prisão e o exílio, nós escolhemos as ruas'

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Antes das eleições, milhares de pessoas foram às ruas contra Jair Bolsonaro e o fascismo

São Paulo – As frentes Brasil Popular e  Povo Sem Medo promovem, nesta terça-feira (30), atos de resistência, em diversas capitais do país, contra a ameaça de ruptura democrática representada pela eleição de Jair Bolsonaro (PSL), no último domingo. Segundo Guilherme Boulos (Psol), um dos coordenadores da Frente Povo Sem Medo, a ideia é construir uma frente ampla pela democracia “com todos que se colocaram no lado certo da história”, no segundo turno das eleições – 89 milhões de brasileiros não aderiram ao projeto de extrema-direita

Vai ter resistência. Entre a prisão e o exílio, nós escolhemos as ruas. Bolsonaro não é o dono do Brasil e não vai silenciar nossas vozes. Essas nuvens cinzentas de intolerância e violência virão mais cedo do que muitos imaginam”, declarou Boulos, que foi candidato à Presidência.

Na capital paulista, o ato será realizado no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), a partir das 18h, na Avenida Paulista. Já no Rio de Janeiro, os manifestantes se concentram a partir das 17h, na Cinelândia, região central.

Outras capitais estarão mobilizadas. Em Porto Alegre, o ato de resistência está marcado para as 18h, na Esquina Democrática, no centro histórico. Na capital do Brasil, em Brasília, a Praça Zumbi dos Palmares é o local de concentração, que se inicia às 17h.

A região Nordeste também terá atos. Em Fortaleza, a Praça Gentilândia será o palco das manifestações, a partir das 16h. Já no Recife, o ato será na Praça do Derby, às 17h.

Leia a a convocatória feita pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo:

A eleição terminou, mas a luta está apenas começando: seguimos de cabeça erguida resistindo pelo Brasil!

Vivemos um processo eleitoral totalmente atípico. Desde o encerramento do período militar não tínhamos a prisão política de um líder, como a de Luiz Inácio Lula da Silva, injustamente condenado, e que teve sua candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Um processo em que forças que atuavam, até então, nos porões do país, emergiram a disputa presidencial provocando uma grande onda de ódio e violência contra o povo brasileiro.

Nossa candidatura foi uma resposta democrática ao arbítrio que contamina o cenário político desde o golpe parlamentar que, em 2016, derrubou a presidenta Dilma Rousseff. Enfrentamos abusos e patifarias praticados por correntes comprometidas com mesquinhos interesses antipopulares, antidemocráticos e antinacionais. 

A eleição de Bolsonaro representa uma ruptura política, cujos sinais estão representados no assassinato de Marielli, de Moa Katendê – líder capoeirista, Charlione – jovem cearense que ainda ontem participava de uma carreata. Eles ameaçam as nossas vidas por lutarmos por um país igual e justo.

Mesmo sob balas, resistimos em defesa da soberania nacional, violentada de tantas maneiras nos últimos dois anos. Protegido por setores do sistema judicial e da mídia monopolista, o candidato deputado Bolsonaro ficou de mãos livres para financiar sua máquina de mentiras com dinheiro clandestino, incitar a violência contra seus adversários, fugir de debates públicos e burlar regras eleitorais. 

Essas forças, através da tramoia e da truculência, com manobras ainda sujeitas a investigações e julgamentos, chegaram à Presidência da República. 

Apesar de tantos obstáculos, nossa aliança organizou uma poderosa resistência por todo o país, que levou à realização do segundo turno e a um formidável movimento em defesa da civilização contra a barbárie, da democracia contra a ditadura, do amor contra o ódio.

Nesse segundo turno, que hoje se encerra, homens e mulheres de todos os quadrantes se manifestaram a favor dos pilares constitucionais de nosso país. Essa jornada jamais teria sido possível, porém, sem a dedicação e a valentia dos movimentos sociais e setores democráticos da sociedade.

Continuaremos a defender a Constituição, a tolerância, um Brasil de todos e a combater o perigo da ditadura, a eliminação das conquistas sociais, a venda do patrimônio público, a entrega das riquezas nacionais, o racismo e a misoginia, a homofobia e a ameaça da violência institucionalizada. 

Neste momento, é fundamental continuarmos juntos e coesos em torno da democracia, da soberania nacional e dos direitos. Portanto, orientemos que na próxima semana se organizem plenárias em todas as cidades, reunindo a militância e todos aqueles que se somaram nessa batalha. Onde for possível devemos também organizar manifestações, tal como já está marcado para a próxima terça-feira, 30 de outubro em São Paulo. 

Não devemos deixar nos abater pelo medo, pois temos uns aos outros. Diferente do que eles pensam, o povo brasileiro saberá resistir. 

28 de outubro de 2018

Frente Brasil Popular

Frente Povo Sem Medo