Imprensa

PT quer apuração de denúncias sobre gastos do governo Aécio com rádios de sua família

Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé declarou candidato tucano 'Inimigo Público nº 1 da Liberdade de Expressão' e jornalistas o acusam de perseguir profissionais e Minas Gerais

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Jornalista Eneida da Costa diz que imprensa sabia de denúncias sobre aeroportos, mas não não podia publicar

São Paulo – O PT protocolou hoje (16) três requerimentos sobre denúncias relativas à destinação de dinheiro público do governo de Minas Gerais a emissoras de rádio e jornal da família do candidato tucano à presidência da República, Aécio Neves. Os requerimentos foram enviados ao governo de Minas Gerais, com pedido de dados referentes a despesas entre 2003 e 2010 às rádios Arco-Íris, São João del Rey e Colonial e ao jornal Gazeta de São João del Rey, e à Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, requisitando apuração de improbidade administrativa e suspeita de benefícios a familiares do tucano no caso dos veículos de imprensa. Também pediu ao Tribunal de Contas do Estado a inspeção e auditoria sobre as despesas de 2003 a 2010 destinadas aos mesmos veículos de rádio e imprensa.

A irmã de Aécio Neves, Andrea, era a coordenadora do Grupo Técnico de Comunicação Social, do governo mineiro, que distribuía recursos às rádios e ao jornal de propriedade da família. Ela é responsável pela coordenação de comunicação da campanha de Aécio.

O governo do estado de Minas Gerais é acusado pelo PT de não divulgar as despesas repassadas às rádios e jornal, contrariando a Lei de Acesso à Informação.

As verbas destinadas a publicidade nos anos de 2003 a 2009 passaram de R$ 13 milhões para R$ 92 milhões, segundo o partido, chegando a R$ 77 milhões no primeiro semestre de 2010, ano de eleições e último do mandato do atual candidato do PSDB à presidência.

Esta semana, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé declarou Aécio Neves como “o Inimigo Público nº 1 da Liberdade de Expressão”. Segundo a instituição, a vitória do tucano aponta para um retrocesso na luta pela regulação democrática dos meios de comunicação.

O ex-governador de Minas Gerais é acusado pelo Barão de Itararé como “censor” em veículos de comunicação e nas redes sociais, contra a liberdade de expressão e blindagem de notícias negativas sobre seu governo em Minas. Para evitar notícias contrárias a sua gestão, de acordo com o Barão de Itararé, Aécio Neves utilizaria meios como perseguir jornalistas, entrar com ações judiciais para vetar publicações e retirar conteúdos de redes sociais na internet.

Esta semana, o programa de televisão da campanha de Dilma Rousseff mostrou depoimentos da blindagem a Aécio feita pela imprensa mineira sob sua influência. Eneida da Costa, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, por exemplo, afirmou que a imprensa local possuía informações sobre a construção de aeroportos por Aécio Neves nas proximidades ou dentro das propriedades da família do tucano. “Essa história do aeroporto (da cidade) de Cláudio, aqui dentro de Minas a gente tinha essa história, nós, os jornalistas, sabíamos disso, mas a gente nunca pôde publicar”, disse.

“Castraram a liberdade de imprensa, fazendo com que Minas, durante doze anos, tivesse todos os atos negativos escondidos”, acrescentou o jornalista Geraldo Elísio Lopes.