PT quer apuração de denúncias sobre gastos do governo Aécio com rádios de sua família
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé declarou candidato tucano 'Inimigo Público nº 1 da Liberdade de Expressão' e jornalistas o acusam de perseguir profissionais e Minas Gerais
Publicado 16/10/2014 - 20h05
Jornalista Eneida da Costa diz que imprensa sabia de denúncias sobre aeroportos, mas não não podia publicar
São Paulo – O PT protocolou hoje (16) três requerimentos sobre denúncias relativas à destinação de dinheiro público do governo de Minas Gerais a emissoras de rádio e jornal da família do candidato tucano à presidência da República, Aécio Neves. Os requerimentos foram enviados ao governo de Minas Gerais, com pedido de dados referentes a despesas entre 2003 e 2010 às rádios Arco-Íris, São João del Rey e Colonial e ao jornal Gazeta de São João del Rey, e à Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, requisitando apuração de improbidade administrativa e suspeita de benefícios a familiares do tucano no caso dos veículos de imprensa. Também pediu ao Tribunal de Contas do Estado a inspeção e auditoria sobre as despesas de 2003 a 2010 destinadas aos mesmos veículos de rádio e imprensa.
A irmã de Aécio Neves, Andrea, era a coordenadora do Grupo Técnico de Comunicação Social, do governo mineiro, que distribuía recursos às rádios e ao jornal de propriedade da família. Ela é responsável pela coordenação de comunicação da campanha de Aécio.
O governo do estado de Minas Gerais é acusado pelo PT de não divulgar as despesas repassadas às rádios e jornal, contrariando a Lei de Acesso à Informação.
As verbas destinadas a publicidade nos anos de 2003 a 2009 passaram de R$ 13 milhões para R$ 92 milhões, segundo o partido, chegando a R$ 77 milhões no primeiro semestre de 2010, ano de eleições e último do mandato do atual candidato do PSDB à presidência.
Esta semana, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé declarou Aécio Neves como “o Inimigo Público nº 1 da Liberdade de Expressão”. Segundo a instituição, a vitória do tucano aponta para um retrocesso na luta pela regulação democrática dos meios de comunicação.
O ex-governador de Minas Gerais é acusado pelo Barão de Itararé como “censor” em veículos de comunicação e nas redes sociais, contra a liberdade de expressão e blindagem de notícias negativas sobre seu governo em Minas. Para evitar notícias contrárias a sua gestão, de acordo com o Barão de Itararé, Aécio Neves utilizaria meios como perseguir jornalistas, entrar com ações judiciais para vetar publicações e retirar conteúdos de redes sociais na internet.
Esta semana, o programa de televisão da campanha de Dilma Rousseff mostrou depoimentos da blindagem a Aécio feita pela imprensa mineira sob sua influência. Eneida da Costa, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, por exemplo, afirmou que a imprensa local possuía informações sobre a construção de aeroportos por Aécio Neves nas proximidades ou dentro das propriedades da família do tucano. “Essa história do aeroporto (da cidade) de Cláudio, aqui dentro de Minas a gente tinha essa história, nós, os jornalistas, sabíamos disso, mas a gente nunca pôde publicar”, disse.
“Castraram a liberdade de imprensa, fazendo com que Minas, durante doze anos, tivesse todos os atos negativos escondidos”, acrescentou o jornalista Geraldo Elísio Lopes.