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Em ato em São Paulo, Dilma e Lula associam Marina a neoliberalismo e desemprego

Em evento com sindicalistas em centro de comércio de São Bernardo, presidenta afirma que o que a separa da candidata do PSB é colocar as pessoas no centro da política e dar garantias ao emprego

Ichiro Guerra/Campanha Dilma

Dilma e Lula caminharam pelo centro de São Bernardo e fizeram ato no qual enfatizaram a questão do emprego

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff (PT) participou de ato político na manhã de hoje (2) em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do coordenador de sua campanha em São Paulo e prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, de dirigentes sindicais e militantes dos partidos aliados. Em caminhada que partiu da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e seguiu até a Praça da Matriz, palco de assembleias históricas dos operários da região nos anos 1980, a presidenta visitou comércios, conversou com lojistas e transeuntes e insistiu em defender que só sua candidatura representa a prioridade para a geração de emprego e renda.

Durante a caminhada, Dilma recebeu flores, posou para fotos com um boné do Corinthians e diversas camisetas de movimentos e grupos de apoio a sua candidatura, e visitou dois comércios na avenida Marechal Deodoro, em gesto de prestígio aos pequenos empresários. Ao descer do carro de som, Dilma foi aplaudida e teve dificuldade para se locomover entre os celulares com os quais o público tentava registrar selfies.

A primeira parada foi a escola e salão de beleza Instituto Embelleze. Doraci Terezinha Pedron, gerente do instituto, conta que ficou emocionada com a atitude da presidenta. “Eu acho ótimo que a Dilma venha aqui, acho até que tinha que vir mais vezes”, disse. A segunda foi na loja de roupas por atacado Torra Torra, onde Dilma voltou a falar com comerciantes. Para Vanessa Lima, vendedora, o encontro com a presidenta foi “emocionante”. Após as paradas, Dilma e Lula discursaram.

“Temos certeza que mudamos muito o Brasil. Em 2003, mais da metade dos brasileiros eram pobres, mas, hoje, três quartos são de classe média ou mais. Nós queremos um país de classe média, e para atingir esse futuro, nós precisamos gerar emprego”, afirmou Dilma, durante discurso sobre carro de som no qual repete o tom adotado ontem, durante debate exibido pelo SBT, e hoje, no programa eleitoral na televisão.

Ao defender que a candidatura petista é a que tem o maior compromisso com a abertura de postos de trabalho, Dilma citou diretamente Marina, mas não mencionou o adversário tucano, Aécio Neves. “O que nos separa da Marina e dos demais adversários é que as pessoas, homens e mulheres brasileiros, estão no centro da nossa política. E por isso que o emprego é tão importante”, ressaltou.

Ao lado do candidato a vice-governador na chapa do PT, Nivaldo Santana (PCdoB), também vice-presidente da CTB, e ao lado de dirigentes e militantes da CUT, Lula relembrou as lutas dos trabalhadores do ABC nos anos 1970 e 1980, e emendou com a defesa da criação de emprego como diferencial do Brasil em relação ao mundo. “Hoje, na famosa Espanha, na Itália, o desemprego cresce a cada dia por conta da crise econômica mundial. Mas o Brasil gerou, nesse mesmo período, 11 milhões de empregos”, comparou. “Se nós queremos que este país continue a gerar emprego e riqueza, não podemos entregá-lo ao controle do mercado financeiro novamente”, concluiu Lula, em menção indireta às similaridades entre as propostas para política econômica da candidatura de Marina Silva e do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002), cujo candidato oficial é Aécio.

Com a defesa insistente de uma política de pleno emprego em contraposição à dúvida que há sobre a política econômica proposta por Marina, que congrega ambientalistas e referências do pensamento neoliberal no Brasil em sua campanha, o PT busca afinar a campanha presidencial que, pela primeira vez desde 1989, não se dá contra uma candidatura do PSDB. “A política tem um ingrediente sempre muito forte que é a imprevisibilidade”, resume José de Filippi Junior (PT), secretário de Saúde de Fernando Haddad (PT) e tesoureiro da campanha presidencial em 2010. “Tínhamos um planejamento, todos nós, inclusive nossos adversários, e agora é hora de dar início a um novo planejamento. E aí surge essa ameaça para a Dilma, mas isso tem de fazer o partido acordar.”

Sobre a sinalização de que Dilma possa buscar um discurso mais à esquerda na reta final das eleições para conquistar o eleitorado progressista que tem visto referência em Marina, Filippi acredita que não convém mudar o estilo da candidata. “A Dilma é de esquerda, está na sua história. Mas ela não é a Luciana Genro”, afirmou. Sobre boatos de dificuldade de arrecadação por parte das campanhas petistas, Filippi não respondeu. “Não tenho informações sobre como estão as doações nesta ocasião. Mas nós temos de defender o nosso projeto e temos de manter uma interlocução com o capital sem ilusões, encontrando pontos de interesse mútuo.”