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Dilma: ‘Veja e seus cúmplices terão respostas nas urnas e na Justiça’

Presidenta usa parte de seu último programa de TV para condenar matéria 'criminosa' de revista, que antecipou edição semanal para atacar Lula e Dilma com objetivo de interferir na eleição

“Todos sabem da campanha sistemática que essa revista move contra Lula e contra mim. Mas desta excedeu todos os limites”

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff fez hoje (24) um depoimento contundente ao que chama de ação criminosa da revista Veja. A publicação da Editora Abril começou a divulgar ontem sua edição antecipada, trazendo supostas denúncias do doleiro Alberto Youssef, que teria dito ao delegado que investiga irregularidades na Petrobras que Lula e Dilma sabiam de tudo.

Dilma afirma que a atitude envergonha a imprensa e a tradição democrática, que não é a primeira vez que a revista tenta interferir no processo eleitoral e tampouco que atenta contra a sua imagem e a do ex-presidente.

O advogado Antonio Figueiredo Basto, que defende o doleiro, disse desconhecer o depoimento de seu cliente: “Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso. Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso”, afirmou. “Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo.”

A candidata à reeleição lembra que o gesto da revista se dá num momento em que todas as pesquisas exibem ampliação de sua liderança nas intenções de voto sobre seu adversário, mas avisa que desta vez a publicação não ficará impune.

“Sou defensora intransigente da liberdade de imprensa. Mas a consciência livre da Nação não pode aceitar que mais uma vez se divulguem falsas denúncias no meio de um processo eleitoral em que o que está em jogo é o futuro do Brasil. Os brasileiros darão sua resposta a Veja e seus cúmplices nas urnas. E eu darei a minha resposta a eles na Justiça”, afirmou Dilma. Assista:

 

 

Leia a íntegra de sua fala:

Minhas amigas e meus amigos, eu gostaria de encerrar minha campanha na TV de outra forma, mas não posso me calar frente a esse ato de terrorismo eleitoral articulado pela revista Veja e seus parceiros ocultos. Uma atitude que envergonha a imprensa e a agride a nossa tradição democrática. Sem apresentar nenhuma prova concreta, e mais uma vez baseando-se em supostas declarações de pessoas do submundo do crime, a revista tenta envolver diretamente a mim e ao presidente Lula em episódios da Petrobras que estão sob investigações da Justiça.

Todos os eleitores sabem da campanha sistemática que essa revista move há anos contra Lula e contra mim. Mas desta vez a Veja excedeu todos os limites. Desde começaram as investigações sobre as ações criminosas do senhor Paulo Roberto Costa, tenho dado total respaldo ao trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público. Até a sua edição de hoje, às vésperas da eleição, em que todas as pesquisas apontam minha nítida vantagem sobre meu adversário, a maledicência da Veja se limitava a insinuar que eu teria sido omissa na apuração dos fatos.

Isso já era um absurdo. Já era uma tremenda injustiça. Hoje a revista excedeu todos os limites da decência e da falta de ética, pois insinua que eu teria conhecimento prévio dos malfeitos na Petrobras, e que presidente Lula seria um de seus articuladores. A revista comete esta barbaridade, esta infâmia, contra mim e ao presidente Lula sem apresentar a mínima prova. Isso é um absurdo, isso é um crime.

É mais do que clara a intenção malévola da Veja de interferir de forma desonesta e desleal no resultado das eleições. A começar pela antecipação de sua edição semanal para hoje, quando normalmente chega às bancas no domingo. Mas como em outras vezes, em outra eleições, Veja vai fracassar no seu intento criminoso. A única diferença é que desta vez ela não ficará impune. A Justiça livre deste país seguramente vai condená-la por este crime. Ela e seus cúmplices tampouco terão sucesso em seu intento de confundir o eleitor.

O povo brasileiro tem maturidade suficiente para discernir entre a mentira e a verdade. O povo brasileiro sabe que não compactuo nem compactuei com a corrupção. A minha história é um testemunho disso. E sabe que farei o necessário, doa a quem doer, toda vez que houver necessidade de punir os que mexem com o patrimônio do povo.

Sou uma defensora intransigente da liberdade de imprensa. Mas a consciência livre da Nação não pode aceitar que mais uma vez se divulguem falsas denúncias no meio de um processo eleitoral em que o que está em jogo é o futuro do Brasil. Os brasileiros darão sua resposta a Veja e seus cúmplices nas urnas. E eu darei a minha resposta a eles na Justiça.

TSE nega pedido

O pedido para retirada da reportagem publicada ontem (23) na página do Facebook foi negado nesta sexta-feira (24). Na representação, a coligação de Dilma acusa Veja de ter antecipado sua edição para sexta-feira para “tentar afetar a lisura do pleito eleitoral”. A representação diz ainda: “A matéria absurda de capa (…) imputa crime de responsabilidade à candidata Representante (…) e a mensagem ofensiva da capa da revista tem por objetivo bem delineado: agredir a imagem da candidata Representante”.

Para negar o pedido o ministro Admar Gonzaga alegou que o artigo da lei eleitoral citado na representação (Artigo 57-D, Parágrafo 3º, da Lei das Eleições) para pedir a retirada do ar não está em vigor nas eleições deste ano. Com isso, a representação foi arquivada, sem julgamento sobre o conteúdo.

“O dispositivo invocado para a suspensão da veiculação (Parágrafo 3º do art. 57-D da Lei nº 9.504/1997), consoante entendimento deste Tribunal Superior (Consulta nº 1000-75), não tem eficácia para o pleito de 2014, razão pela qual indefiro liminarmente a petição inicial e extingo o processo sem resolução do mérito, nos termos do Artigo 267, 1º, do Código de Processo Civil”, diz o despacho do ministro.

Com informações da Agência Brasil