MEC propõe reformulação no Enem

Ideia central é unificar os processos seletivos em todas as universidades públicas federais

Ministério da Educação apela à universidade para repensar a relação do ensino médio com o superior (Foto: Margarida Neide / Folhapress)

São Paulo – O Ministério da Educação propôs nesta quinta-feira (5) uma reestruturação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) prevendo a unificação nos processos seletivos das universidades públicas federais. Além do método de aplicação dos testes, a própria estrutura da prova e a forma como ela será utilizada pelas universidades foi colocado em pauta para debate pelo MEC. A finalidade é democratizar as oportunidades de acesso ao ensino superior, além de estabelecer uma relação mais próxima entre o ensino médio e o superior.

Segundo o MEC, ainda que o vestibular tradicional cumpra o papel de selecionar os melhores candidatos para cada um dos cursos, dentre os inscritos, traz inconvenientes como a descentralização dos processos seletivos, que, por um lado, limita o pleito e favorece candidatos com maior poder aquisitivo, capazes de diversificar suas opções na disputa por uma das vagas oferecidas. Por outro lado, restringe a capacidade de recrutamento pelos Institutos Federais de Ensino Superior (Ifes) , desfavorecendo aquelas localizadas em centros menores.

Para o ministério, a alternativa à descentralização dos processos seria a unificação da seleção às vagas dos Ifes por meio de uma única prova. “A racionalização da disputa por essas vagas, de forma a democratizar a participação nos processos de seleção para vagas em diferentes regiões do país, é uma responsabilidade social tanto do Ministério da Educação quanto das instituições de ensino superior, em especial os Ifes. Da mesma forma, a influência dos vestibulares tradicionais nos conteúdos ministrados no ensino médio também deve ser objeto de reflexão”, diz a proposta.

“Exames descentralizados favorecem estudantes com mais condições de se deslocar pelo país, a fim de diversificar as oportunidades de acesso às vagas em instituições federais nas diferentes regiões. A centralização do processo seletivo nos Ifes pode torná-lo mais isonômico em relação ao mérito dos participantes”, segue o texto.

De acordo com o MEC, o novo exame seria composto por quatro testes, um por cada área de conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (incluindo redação); Ciências Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Matemática e suas Tecnologias. A nova estrutura aproximaria o exame das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos currículos praticados nas escolas, segundo o Ministério.

No documento divulgado com a proposta, o MEC questiona a falta de integração entre os níveis de ensino. O ministério faz um chamamento aos Ifes para que “repensem o ensino médio, discutindo a relação entre conteúdos exigidos para ingresso na educação superior e habilidades que seriam fundamentais, tanto para o desempenho acadêmico futuro, quanto para a formação humana”.

O MEC ainda afirma que as universidade possuem autonomia para aplicar o exame unificado em qualquer uma das quatro categorias: Como fase única, com o sistema de seleção unificada, informatizado e on-line; como primeira fase; combinado com o vestibular da instituição; ou como fase única para as vagas remanescentes do vestibular.

Cada um dos quatro testes seria composto por 50 questões, totalizando 200. A avaliação seria dividida em dois dias.

Ainda de acordo com a proposta, essa é uma oportunidade “não apenas de agregar funcionalidade a um exame que já se consolidou no país, mas a oportunidade histórica para exercer um protagonismo na busca pela re-significação do ensino médio”.

Com informações do MEC