Mais votado para reitor da USP promete retomada do diálogo e fim da força física
Marco Antônio Zago obtém 49% dos votos e encabeça lista tríplice a ser enviada ao governador Geraldo Alckmin; discurso é contraponto à truculência que marcou a gestão de João Grandino Rodas
Publicado 20/12/2013 - 16h26
São Paulo – Com a proposta de aumentar o diálogo como “ponto de partida da formação para a cidadania”, o ex-pró-reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), professor Marco Antônio Zago, foi o primeiro colocado na eleições para novo reitor da instituição realizadas ontem (19) no âmbito da Assembleia Universitária.
Com 1.206 dos 2.143 votos possíveis (ou 49%), Zago encabeçará a listra tríplice a ser entregue ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) – composta também pelo ex-vice-reitor Hélio Nogueira da Cruz (498 votos) e pelo ex-superintendente de relações internacionais Wanderley Messias da Costa (462 votos).
Alckmin não é obrigado a escolher o mais votado. Em 2009, o então governador José Serra, também do PSDB, escolheu o segundo colocado, João Grandino Rodas, que fez uma gestão marcada por truculências e atos autoritários. O mandato de Rodas termina em 25 de janeiro de 2014.
Zago também foi o primeiro colocado na consulta à comunidade USP, realizada no dia 10 deste mês, fora do período letivo. A escolha reuniu 13.826 alunos, funcionários e professores, sendo que 6.678 (48%) optaram por Zago.
Em e-mail distribuído á comunidade uspiana, um dia antes dessa primeira consulta, Zago afirmou que irá priorizar o ensino na graduação.
“Isso inclui flexibilizar e rever currículos, modernizar métodos pedagógicos, valorizar de fato a dedicação dos docentes ao ensino de graduação, reduzir a evasão, fortalecer o apoio social aos estudantes. Esse apoio envolve ampliar ou aperfeiçoar os programas de moradia e de creche. Mais que isso, a educação universitária plena envolve práticas esportivas, oportunidades de cultura e de atividades extracurriculares científicas, culturais e de valor social. É necessário valorizar os espaços de vivência para estudantes, docentes e servidores”, escreveu.
Intransigência x diálogo
A administração de Rodas foi marcada pela intransigência e por duas reintegrações de posse – uma delas violenta, com a prisão de 72 alunos – do prédio da reitoria, ocupado nas greves de 2011 e 2013.
Zago afirmou, no e-mail, que irá “restabelecer o diálogo responsável e consequente” e garantiu não recorrer à força física.
“Professores, servidores, estudantes, reitoria vamos, juntos, reconstruir as relações civilizadas, que implicam diálogo, confronto de ideias, discordância, pressões legítimas, mas jamais discórdia e recurso à força física; respeito àqueles que discordam de nós, capacidade de reformular nossas propostas, de ceder, de convencer”, disse ao ressaltar que irá restabelecer o convívio entre a comunidade USP.