São Paulo – Pais e mães de alunos da Escola Municipal Péricles Eugênio da Silva Ramos, na Vila Heliópolis, na zona sul de São Paulo, estão preocupados. O temor é que a Secretaria Municipal de Educação desative a unidade que atende 700 crianças e adolescentes, moradores na comunidade. Ontem (30), eles foram comunicados que seus filhos serão transferidos para o CEU Meninos, no bairro vizinho São João Clímaco. Isso porque a Cetesb, agência ambiental do governo paulista, interditou a escola. A razão seria concentração de gás no subsolo do terreno, que deverá ser drenado.

Para os responsáveis pelos alunos, falta transparência. Ivaneide de Carvalho Gomes, mãe de estudante da 6ª série, disse à RBA que foi informada sobre uma obra que terá duração de 180 dias. “Depois, em conversa, outras mães falaram sobre a contaminação na área, que seria causada pela Petrobras. Mas outras mães acreditam que a prefeitura pode aproveitar para fechar a escola em definitivo. Há desconfiança de algumas que o interesse seja de não abrir de novo. Mas a gente tem de saber a resposta certa, porque falam coisas diferentes”, afirmou.

Ivaneide disse também que há preocupação quanto ao transporte escolar, já que nem todos podem pagar. “Eu posso pagar para a minha filha, mas tem muita gente que não tem condição. Não se pode fazer isso, tirar o benefício da comunidade”.

Dúvidas em torno da interdição da escola

A mobilização em torno da evacuação da escola de Heliópolis ganhou força, com adesão do vereador Celso Giannazi (Psol). Organizados, pais e professores conseguiram uma reunião para a manhã de segunda-feira (3) com o subprefeito do Ipiranga, Adnilson José de Almeida, e representantes da direção regional de Educação.

Entre as principais questões estão a interdição da Emef Péricles e não de uma escola municipal de educação infantil (Emei), que fica ao lado. Tampouco de prédios de um conjunto da Cohab, na frente da escola.

À RBA, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo afirmou que a Cetesb interditou apenas a Emef Péricles Eugênio para análise da situação. Isso porque identificou a presença de gás metano no solo da edificação. Em nota enviada à redação, disse que o local está inserido no terreno da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), que fará o procedimento de drenagem do gás.

Maioria dos alunos terá aula de maneira remota

E que enquanto isso, todos os estudantes e funcionários da Emef serão transferidos para as instalações do CEU Meninos. “Ninguém ficará sem atendimento e os que se localizarem a mais de 1,5 km da unidade, serão atendidos pelo Transporte Escolar Gratuito (TEG)”, afirma o órgão.

Ainda segundo o órgão, o atendimento no CEU Meninos terá início a partir da próxima terça-feira (4). E que para os alunos do 2º ao 6º ano “as aulas permanecerão de forma remota até que as construções de salas provisórias sejam realizadas para acomodação de todos”.

Contaminação na área é monitorada há 20 anos

Conforme a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a escola municipal se encontra em área contaminada que a agência ambiental monitora há mais de 20 anos. E que por isso há um plano de controle executado pela Cohab, o qual contempla sensores e dispositivos para extração de vapores.  

Em nota à reportagem, a Cetesb disse que a interdição da escola de Heliópolis é temporária. E que se deu por recomendação do Grupo Gestor de Áreas Críticas do órgão vinculado ao governo paulista em razão dos riscos apontados nos últimos relatórios de monitoramento. “A Cohab e a Secretaria de Educação deverão implementar medidas técnicas adicionais para equacionar os problemas identificados”, diz trecho do comunicado. 

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