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Congresso da Ubes elege paranaense Camila Lanes para a presidência

Encontro realizado em Brasília convocou dia nacional de solidariedade às ocupações de escolas em São Paulo

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Camila Lanes, de 19 anos, foi eleita para liderar entidade que está no centro dos debates sobre o futuro da educação do país

São Paulo –A paranaense Camila Lanes, de 19 anos, foi eleita ontem (15) presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), entidade que representa 40 milhões de alunos do ensino fundamental, médio e técnico de todo o país. A eleição encerrou o 41° Congresso Nacional da entidade, realizado em Brasília desde quinta-feira (12).

Camila é natural de São José dos Pinhais (PR), região metropolitana de Curitiba. Antes de chegar à liderança da entidade secundarista nacional, começou sua trajetória no grêmio de sua escola, até chegar à presidência da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), em 2013.

“Precisamos reforçar a unidade do movimento estudantil para enfrentar os desafios que se colocam no próximo período. Vamos fortalecer os grêmios, tomar as ruas, resistir ao conservadorismo que deseja retirar os direitos da juventude. Além disso, o mais importante é dizer bem alto que ninguém fechará as nossas escolas”, declarou Camila, já na condição de presidenta recém-eleita da Ubes.

Para a eleição, votaram na plenária final 2.909 delegados. A chapa de Camila Lanes, “O movimento estudantil unificado pelas mudanças do Brasil”, teve 2.158 votos, representando 78,5% do total dos válidos. Também concorreram as chapas “Oposição de esquerda da Ubes”, com 426 votos; “Brizola tinha razão. Brasil mostra tua cara”, com 97 votos e, “Ubes é pra lutar. Nós não vamos pagar nada”, com 67.

Além da mobilização máxima das ocupações em São Paulo, Camila destaca três objetivos imediatos da sua gestão na entidade: lutar pela implementação do Plano Nacional de Educação e dos planos estaduais e municipais; garantir o direito dos secundaristas à meia entrada nos eventos culturais; a partir da nova lei nacional sobre o tema, conseguir a reformulação do ensino médio no país: “A escola brasileira hoje não é dinâmica, não é democrática, não dialoga com a atual realidade dos jovens, precisamos de um outro modelo”, defende.

Camila afirmou que a entidade lutará pelo fortalecimento da democracia e contra os movimentos golpistas que pedem a interrupção do governo legitimamente eleito de Dilma Rousseff. “A juventude não cai nessa”, disse. Feminista, a estudante defende a legalização do aborto e a participação cada vez maior das mulheres na política, é contra a redução da maioridade penal (“Só prejudica ainda mais a juventude negra e pobre excluída nas periferias do país”), contra o Estatuto da Família em votação no Congresso Nacional, e afirma que é preciso “levar o debate sobre todas as formas de ‘LGBTfobia’ para dentro de escola.”

Ocupações

O congresso da Ubes foi realizado em momento emblemático representado pela ocupação de estudantes de São Paulo em escolas ameaçadas de fechamento pelo governador Geraldo Alckmin. Os jovens de todo o Brasil reunidos em Brasília acompanharam com atenção as notícias sobre as escolas ocupadas e a tentativa violenta da Polícia Militar de acabar com o movimento.

No último dia do congresso, em caráter de urgência, foi convocado um dia nacional de solidariedade às escolas de São Paulo, na próxima quinta (19). Em todo o país, estudantes sairão às ruas demonstrando o seu apoio aos colegas paulistas e exigindo a garantia do direito à educação.