Após fechamento da São Marcos, estudantes temem ter o mesmo fim em outras escolas

São Paulo – Os estudantes da Universidade São Marcos voltam a se reunir na próxima segunda-feira (9) para discutir ações conjuntas e propostas para enfrentar os problemas iniciados no último […]

São Paulo – Os estudantes da Universidade São Marcos voltam a se reunir na próxima segunda-feira (9) para discutir ações conjuntas e propostas para enfrentar os problemas iniciados no último mês, quando a instituição foi descredenciada pelo Ministério da Educação (MEC). Esta semana, durante assembleia, os alunos se queixaram da contínua falta de diálogo com a atual reitora, Maria Aurélia Varella, e das transferências de estudantes realizadas sem consulta à comunidade. 

Das irregularidades cometidas pela universidade constam a falta de ato de credenciamento e de comprovante de disponibilização de imóvel, o descumprimento de medida cautelar de suspensão de novos ingressos e de medidas saneadoras (Despacho 28, de 28 de março de 2011), não demonstração de viabilidade financeira e a desordem acadêmica e administrativa da IES, segundo o MEC.

O MEC publicou, em 26 de março, no Diário Oficial da União (DOU), despacho da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, oficializando o descredenciamento da Universidade São Marcos. O MEC determina que a instituição está proibida de “qualquer nova oferta de educação superior, preservadas as atividades de secretaria acadêmica para entrega de documentos”. E estabelece que a transferência de alunos deve ser concluída em até 90 dias.

De acordo com a diretora de relações internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Luiza Lafetá, parte dos alunos da São Marcos está sendo transferida para as universidades Anhanguera e Uniban, fato que causa indignação dos estudantes. “Os alunos exigem, no mínimo, a transferência para instituições de maior qualidade e renome”, disse Luiza.

Segundo a diretora da UNE, a Anhanguera, por exemplo, apresenta problemas parecidos com os da universidade São Marcos. Em janeiro, a Anhanguera demitiu mais de 1.500 professores, sendo 80% mestres e doutores. “Por todos esses fatores, a maioria dos estudantes disse que não admitirá a transferência feita de qualquer forma.”

A presidenta da União de Núcleos, Associações e Sociedades dos Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas), Cleide Alves, disse que falta maior diálogo da universidade com os alunos. Ela espera do Ministério da Educação (MEC) acompanhamento próximo do caso. “O ministério atuou corretamente ao cumprir a sua função de fiscalizar a instituição privada e garantir a qualidade da educação, mas agora precisa acompanhar a transferência e garantir o acesso dos alunos para outra universidade, que tenha igual, ou melhor, padrão do que a São Marcos.”

Cleide afirmou que os 250 alunos bolsistas da comunidade de Heliópolis não querem ir para outra universidade que tenha restrições no MEC e que no futuro seja também descredenciada.

A universidade São Marcos não se pronunciou sobre a transferência dos alunos. A última informação, publicada em nota em seu site, afirma que o atendimento aos alunos está sendo realizado no espaço emprestado pela Uniban, na rua Afonso Celso, 235, Vila Mariana, a partir das 13h. 

A Anhanguera Educacional, por meio de nota, disse que o desligamento de profissionais do corpo docente ocorreu em função do planejamento de carga horária deste semestre e fez parte de um movimento natural das instituições de ensino a cada encerramento de semestre. “A Anhanguera também reitera que realizou um grande ciclo de aquisições em 2011, com 12 instituições adquiridas, e que a atualização do corpo docente é necessária para adaptar os currículos das novas unidades ao padrão de qualidade dos cursos da Anhanguera. Neste ajuste, a instituição reduziu o número de professores temporários, mas também fará contratações de outros em regime integral.”

De acordo com a nota, todas as instituições de ensino superior que fazem parte do grupo Anhanguera atendem ao que exigem os Instrumentos de Avaliação do MEC, tanto na titulação do corpo docente quanto no seu regime de trabalho. “Por ter o capital aberto e de acordo com as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Anhanguera disponibiliza todas as informações financeiras e que reforçam a solidez da Instituição em seu site para consulta.”