Em agosto

Volta às aulas em São Paulo pode ter 100% de estudantes, mas seguirá opcional

Governo paulista quer que cada escola defina o percentual de estudantes na volta às aulas, de acordo com a capacidade de seguir os protocolos

CC.0 Reprodução
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Volta às aulas em São Paulo não terá mais limite geral de alunos por sala, mas sim de acordo com a capacidade da unidade

São Paulo – O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quarta-feira (16) que o plano para volta às aulas presenciais prevê o retorno a partir de 2 de agosto, com até 100% dos estudantes. Segundo Doria, cada escola vai poder definir o percentual de estudantes que frequentará as aulas, de acordo com a capacidade da unidade de seguir os protocolos da pandemia de covid-19, sobretudo o distanciamento social de 1 metro. Apesar disso, ao menos no mês de agosto, as atividades seguirão sendo opcionais. Ou seja, as famílias que não se sentirem seguras poderão manter os estudantes em aulas remotas.

Segundo o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, o plano de volta às aulas em São Paulo será elaborado por unidade escolar, de acordo com a estrutura da escola e o número estudantes matriculados naquela unidade. “Se uma escola com capacidade para 3 mil, tem 300 estudantes, ela pode receber 100% dos estudantes, mantendo 1 metro de distanciamento. Se isso não for possível, ela vai manter o rodízio. E, durante o mês agosto, ainda não será obrigatória a volta às aulas presenciais”, afirmou.


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Hoje, o sistema de aulas é geral, com cada escola podendo receber um percentual pré-definido de estudantes, de acordo com a situação da pandemia. No entanto, desde fevereiro, a volta às aulas em São Paulo, nunca teve mais que 35% dos estudantes, em virtude do total descontrole da pandemia no governo Doria.

O secretário disse ainda que vai distribuir 3 milhões de testes para monitorar a situação da pandemia de covid-19 nas escolas com a volta às aulas em São Paulo. Segundo ele, serão testados todos os casos sintomáticos e os envolvidos na ocorrência de dois ou mais casos com vínculo epidemiológico (surto). Além disso, todos os professores e outros profissionais da educação deverão estar vacinados, ao menos, com a primeira da vacina contra a covid-19 até o final de julho.

Soares destacou a urgência em garantir a volta às aulas em São Paulo com o maior número de estudantes possível, citando um estudo que prevê evasão escolar de até 35% dos estudantes paulistas, por conta da pandemia. O governo Doria estima que serão necessários 11 anos para recuperar o déficit de aprendizagem dos alunos.

Volta às aulas em São Paulo: histórico

As aulas presenciais foram suspensas em 15 de março de 2020, após o registro da primeira morte por covid-19 em São Paulo. O governo Doria tentou retomar as aulas algumas vezes nos meses seguintes, mas acabou desistindo. Somente em setembro de 2020 as escolas foram reabertas, mas sem aulas regulares. Em novembro, foi retomado o ensino regular presencial no ensino médio e na educação de jovens e adultos (EJA). Na segunda quinzena de dezembro as aulas foram novamente suspensas, por causa do aumento de casos de covid-19.

Neste ano, a primeira tentativa de volta às aulas presenciais em São Paulo foi em 8 fevereiro, mas com o agravamento da pandemia acabaram suspensas novamente em 15 de março. Nesse período, a Secretaria da Educação registrou 4.084 casos confirmados de covid-19, 24.345 casos suspeitos e 19 mortes.

Na cidade de São Paulo, a rede municipal registrou 854 surtos de covid-19 (quando são registrados dois ou mais casos no mesmo local) no mesmo período. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado (Apeoesp) contabilizou 51 profissionais da educação e dois estudantes mortos pela covid-19 no período.

Logo após o pico da pandemia, em abril, o governo Doria determinou nova volta às aulas, mas, com o descontrole da situação, nunca conseguiu aumentar o percentual de 35% dos alunos nas aulas presenciais em São Paulo. Porém, segundo levantamentos da Apeoesp, as escolas não chegaram a receber muito mais que 5% dos estudantes. O sindicato registrou que mais 40 profissionais da educação e um estudante morreram de covid-19 desde a retomada em abril.


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Além do risco direto para estudantes e profissionais da educação com as aulas presenciais em São Paulo, pesquisa realizada pela Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, nos Estados Unidos, concluiu que familiares de alunos que estão frequentando a escola em período integral têm de 30% a 47% mais chance de pegar covid-19 em relação a parentes de estudantes que estão em ensino remoto. Para estudantes em horário parcial há uma redução do risco, mas ainda assim a chance de um parente que vive com a criança se contaminar é 21% maior do que para estudantes que estão em ensino a distância.

“Mesmo que a transmissão nas salas de aula seja rara, as atividades relacionadas à escola presencial, como a retirada e a entrega do aluno, as interações do professor e mudanças mais amplas no comportamento durante o período escolar podem levar a aumentos na transmissão na comunidade”, alertam os pesquisadores.

Hoje, São Paulo registra uma taxa de 439 casos de covid-19 por 100 mil habitantes. Os parâmetros internacionais consideram que a pandemia está fora de controle a partir de 100 casos a cada 100 mil habitantes.