incertezas

Jovem é encontrado morto em escola ocupada em Curitiba

Caso está sendo apurado pelas forças policiais locais. Advogados dos estudantes estão sendo impedidos de conversar com os alunos. Mais cedo, outra escola foi atacada por ativistas contra as ocupações

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Escola Estadual Santa Felicidade, em Curitiba. 850 escolas estão ocupadas apenas no Paraná

São Paulo – Um jovem de 16 anos morreu na tarde de hoje (24) na Escola Estadual Santa Felicidade, em Curitiba. De acordo com informações da Polícia Militar, o adolescente foi encontrado com perfurações no tórax e no pescoço. O estabelecimento está ocupado desde o dia 14 de outubro por estudantes que protestam contra a reforma do ensino médio e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, ambos de autoria do governo federal.

De acordo com informações da imprensa local, os socorristas encontraram o jovem, identificado como Lucas Eduardo Araújo Lopes, no chão, e ao lado dele, uma faca e uma adolescente tentando reanimá-lo.

Segundo relatos, os portões da escola estavam abertos, com grande fluxo de pessoas na área. A Polícia Civil encontra-se no local, bem como advogados do movimento estudantil que reclamam que a força policial não está autorizando o contato com os jovens.

O movimento Ocupa Paraná se manifestou através de uma nota, informando que não existe informações concretas sobre o caso, e que assim que mais fatos surgirem eles retornarão a se manifestar.

Nós do movimento Ocupa Paraná informamos preliminarmente, apesar da confirmação da morte de um estudante em uma escola ocupada em Curitiba, que não há nenhuma informação concreta sobre a motivação dessa morte e também nenhuma informação repassada aos mais de 10 advogados do movimento que estão proibidos de entrar no local para dar suporte aos outros estudantes da ocupação que estão lá dentro com a polícia civil.

Informamos que assim que tivermos informações mais detalhadas sobre o caso divulgaremos nota oficial do movimento sobre o ocorrido.

O governador Beto Richa (PSDB) também se manifestou sobre o caso, cobrando o fim das ocupações:

A morte do estudante Lucas Eduardo Araújo Lopes, de 16 anos, é uma tragédia chocante, que merece uma profunda reflexão de toda a sociedade.

É ainda mais gravíssimo e lamentável, porque aconteceu no interior de uma escola ocupada, que deveria estar cumprindo a sua missão de irradiar a luz do conhecimento e a formação da cidadania.

Externo à família desse estudante a minha solidariedade neste momento tão doloroso.

E renovo o meu apelo para que os pais redobrem o cuidado com seus filhos.

Peço ainda, mais uma vez, que os estudantes encerrem esse movimento.

A ocupação de escolas no Paraná ultrapassou os limites do bom senso e não encontra amparo na razão, pois o diálogo sobre a reforma do ensino médio está aberto, como bem sabem todos os envolvidos nessa questão.

Que não se aleguem quaisquer justificativas para a continuidade desse movimento que vem causando prejuízos à educação do Paraná.

É hora de responsabilidade e consciência sobre os direitos e deveres de estudantes, professores, famílias, autoridades e sociedade.

Curitiba, 24 de outubro de 2016.

Beto Richa

Governador do Paraná

O número de escolas ocupadas, de acordo com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), chega a 1.072. O Paraná é o estado que concentra maior número, 850. Nesta manhã, a organização Advogadas e Advogados pela Democracia divulgou um vídeo de uma escola, Guido Arzo, também em Curitiba, que passou por outro caso de violência. Pais e professores contrários à ocupação depredaram a escola, a fim de desmobilizar os estudantes.

A ação pode ter relação com um encontro promovido pelo governo de Richa e setores que rechaçam as reivindicações estudantis. No fim de semana, de acordo com a Agência Estadual de Notícias, a gestão tucana anunciou que “diretores e professores que estiverem dando amparo às ocupações responderão processos administrativos ou sindicâncias e poderão ser punidos com afastamentos e demissões”. A declaração acirrou os ânimos e estimulou a criação de diversas frentes contra os estudantes, que tentam criminalizar os atos.

Os estudantes planejam para quarta-feira (26) uma assembleia na capital paranaense para discutir os rumos das ocupações. Advogados ligados a movimentos estudantis passaram a orientação de que o ato de forçar os alunos a deixarem as ocupações é ilegal, visto que não há reintegração de posse vigente, e mesmo assim, o Estado deve ser responsável pelo ato justamente para evitar conflitos.

De acordo com os movimentos sociais, a organização política de direita Movimento Brasil Livre (MBL) estaria ligada com a articulação para atacar as ocupações.