em sp

Estudantes marcam para esta terça ato contra reforma do ensino médio

Protesto está marcado para as 9h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. “Eles pretendem usar as escolas para formar mão de obra sem pensamento crítico”, diz comunicado

Rovena Rosa/ABr

Secundaristas de São Paulo já realizaram dois protestos contra a medida reunindo milhares

São Paulo – Estudantes secundaristas de São Paulo realizam amanhã (18) ato contra a reforma do ensino médio apresentada pelo governo de Michel Temer no último dia 22, por meio da Medida Provisória (MP) 746. A proposta, elaborada às pressas sem consulta à comunidade escolar, é criticada por especialistas por ser considerada ultrapassada e por fragmentar e empobrecer a formação. O protesto está marcado para as 9h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista.

Os estudantes convidam organizações, entidades estudantis e grêmios a participarem do ato. Haverá também uma série de mobilizações nas portas das escolas, para convocar os alunos a irem para a Avenida Paulista e se juntarem ao movimento. “Eles pretendem usar as escolas para formar mão de obra sem pensamento crítico e ainda mais barata para o mercado”, diz comunicado do grupo. Este será o terceiro ato organizado em São Paulo contra a reforma.

Logo após o anúncio das medidas por Temer, estudantes iniciaram uma série de ocupações de escolas em diversas cidades do país, em protesto contra a reforma do ensino médio. O Paraná concentra o maior número: até as 14h30 de hoje (último levantamento disponível) eram pelo menos 550 escolas ocupadas, além de nove campi universitários e dois núcleos de educação.

Entre as propostas para o ensino médio estão o aumento da carga horária de 800 horas aula por ano para 1.400, flexibilizando o currículo de forma que os alunos passem a escolher entre as áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. As disciplinas de artes, educação física, filosofia e sociologia deixam de ser obrigatórias e os professores não precisariam mais ter diploma de licenciatura.

“Da mesma maneira que antes optavam apenas os alunos da elite, que seguiriam para a faculdade, com a reforma de Temer, os filhos dos trabalhadores terão como escolha o mundo do trabalho. Nem podemos dizer que isso seja uma escolha, mas o aprofundamento da desigualdade”, disse a presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), Andrea Gouveia, à época do anúncio.

No Congresso, a medida recebeu 568 emendas. O texto será analisado primeiro por uma comissão mista e depois pelos plenários da Câmara e do Senado.