Tombini diz que Brasil está preparado para as oscilações do mercado financeiro

Wilson Dias/ABr Alexandre Tombini, presidente do BC: país tem reservas para enfrentar eventuais novas turbulências Brasília – O Brasil está preparado para enfrentar as oscilações do mercado financeiro global, geradas […]

Wilson Dias/ABr

Alexandre Tombini, presidente do BC: país tem reservas para enfrentar eventuais novas turbulências

Brasília – O Brasil está preparado para enfrentar as oscilações do mercado financeiro global, geradas pela decisão dos Estados Unidos de reduzir estímulos monetários. A avaliação foi feita neste sábado (31 de agosto) pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, em discurso no 6º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, organizado pela BM&F Bovespa, em Campos do Jordão, São Paulo.

Tombini disse que a economia mundial passa por um processo de transição, com a recuperação econômica dos Estados Unidos. “Diga-se de passagem, transição positiva, pois significa que a recuperação da maior economia do mundo está ganhando força e isso representará maior crescimento da economia e do comércio global à frente.”

Apesar das características positivas da transição, Tombini destacou que o processo de normalização das condições monetárias nas economias avançadas gera volatilidade (fortes oscilações), principalmente nos mercados de economias emergentes, como o Brasil. “As economias emergentes são as mais impactadas por essa volatilidade. Sempre foi assim. E não é diferente no caso da economia brasileira.”

“Os mercados se anteciparam aos fatos e, na ausência de informações claras e precisas de como se dará esse processo de retirada dos estímulos monetários, os preços dos ativos financeiros estão mais voláteis, oscilando ao sabor de cada dado sobre o ritmo de atividade da economia norte-americana”, ressaltou Tombini.

Segundo o presidente do Banco Central, a estratégia da instituição é clara: “Usaremos nosso amplo rol de instrumentos para reduzir a volatilidade excessiva e mitigar potenciais riscos à estabilidade financeira.” De acordo com Tombini, essa estratégia será usada o tempo que for necessário, em  todo o período de transição “entre o mundo atual e o mundo à frente, de condições monetárias normalizadas e maior crescimento da economia e do comércio global”.

Desde o fim de maio, o sistema financeiro global enfrenta turbulências por causa da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a maior economia do planeta. Com menos dólares em circulação, a cotação da moeda norte-americana fica mais alta em todo o mundo.

Tombini disse que o Brasil está preparado para enfrentar a volatilidade porque o sistema financeiro brasileiro está “sólido, com elevados níveis de capital, liquidez e provisões”.

Desde que a volatilidade aumentou, o país manteve fluxo positivo tanto de investimento estrangeiro direto (que vai para o setor produtivo da economia) quanto de portifólio (ações e títulos de renda fixa), “inclusive com o aumento da participação de investidores estrangeiros na dívida mobiliária pública interna”.

“É importante ressaltar que eventuais saídas de investimento estrangeiros pontuais são naturais, não representando mudança de tendência, nem alterando as condições de financiamento do país e o acesso de empresas brasileiras ao mercado financeiro internacional”, destacou Tombini. Ele lembrou que, nos últimos dois anos, o país continuou a ampliar o “colchão de segurança e de liquidez”. “Adicionamos quase US$ 90 bilhões às nossas reservas internacionais, que hoje ultrapassam US$ 370 bilhões.”

Ele explicou que esse “colchão” permite ao Banco Central, no atual “período de transição, marcado por níveis mais elevados de volatilidade e pelo aumento da aversão ao risco, ofertar proteção (hedge) aos agentes econômicos e, se necessário, liquidez aos diversos segmentos do mercado”.

Tombini disse que, na semana passada, o BC anunciou o programa de leilões diários de venda de dólares, pelo menos até o final do ano. “Esse programa, além de conferir previsibilidade, ofertará aos agentes econômicos proteção cambial superior a US$100 bilhões, se considerarmos o montante de proteção que já foi disponibilizado”.