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Salário mínimo perdeu poder de compra no governo Bolsonaro. Desafio é retomar política de valorização

Trabalhador gastou mais horas e comprometeu maior parte da renda para comprar produtos da cesta básica

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São Paulo – Com o abandono da política de valorização do salário mínimo e o avanço da inflação, o piso nacional perdeu o poder de compra de forma significativa nos últimos anos. Um dos compromissos do governo que assume no próximo domingo (1º) é retomar a garantia de ganhos reais (acima da inflação). No primeiro governo Lula, isso foi resultado de acordo com as centrais sindicais, após uma série de “marchas” a Brasília.

Em janeiro de 2019, primeiro mês do atual governo, o salário mínimo necessário, calculado pelo Dieese, correspondia a 3,94 vezes o piso nacional oficial. Em novembro deste ano, último dado disponível, correspondia a 5,43 vezes. Com base na cesta básica mais cara, entre 17 capitais pesquisadas, o Dieese calcula qual seria o valor necessário para as despesas básicas de uma família de quatro integrantes.

Outros dados mostram a perda sofrida sob o atual governo. Em janeiro de 2019, a jornada média necessária para comprar os produtos da cesta era de 88 horas e 5 minutos. Em novembro último, estava em 121 horas e 2 minutos – 37,4% a mais.

Quase 60% da renda

Além disso, um trabalhador remunerado pelo salário mínimo comprometeu, no mês passado, 59,47% de sua renda líquida com os itens da cesta básica. Quatro anos atrás, comprometia 43,52%.

O futuro ministro do Trabalho, Luiz Marinho, já destacou a importância do salário mínimo e de um ambiente favorável à negociação coletiva. “O salário mínimo atende milhões de famílias em todo o território nacional, impactando no combate à desigualdade e à miséria. Talvez seja a principal política de distribuição de renda no Brasil”, afirmou recentemente no programa Entre Vistas, da TVT. Ele toma posse na terça-feira (3).

Campanhas salariais

As negociações coletivas realizadas em novembro confirmaram tendência de melhoria dos reajustes, também segundo o Dieese. De 276 acordos pesquisados no mês passado, 93,5% tiveram aumento igual (47,8%) ou superior (45,7%) à inflação medida pelo INPC-IBGE. A variação real média, descontada a inflação, foi de 0,54%.

No acumulado do ano, no entanto, o resultado ainda é negativo, com variação de -0,78%. De janeiro a novembro, 36% dos acordos tiveram reajuste equivalente ao INPC e 23,8% ficaram acima. Assim, foram praticamente 40% de acordos abaixo da inflação.

Também no ano, o valor médio dos pisos salariais é de R$ 1.544,36, ou 27% acima do salário mínimo. O maior é do setor de serviços (R$ 1.571,02) e o menor, na área rural (R$ 1.467,12).


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