Desafios para 2024

‘Parte 2’ da reforma tributária pode tirar do Brasil posto de país mais desigual

No ano que vem, governo Lula deve enviar ao Congresso proposta com mudanças na tributação sobre a renda; Campanha Tributar os Super-Ricos apela pela regulamentação do Imposto Sobre Grandes Fortunas e o fim da isenção sobre lucros e dividendos, dentre outras providências

Licença Pixabay
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Tema da segunda parte da reforma tributária, cobrança progressiva sobre a renda é essencial para reduzir a desigualdade no Brasil

São Paulo – A Campanha Tributar os Super-Ricos celebrou, mais uma vez, a promulgação da reforma tributária como um dos principais destaques de 2023. Além disso, também comemorou os bons números da economia, com inflação controlada, crescimento do PIB e a volta do emprego. Entre os desafios para 2024, a campanha destaca a “grande batalha” que será a regulamentação da reforma. Além disso, o governo Lula promete enviar, no ano que vem, a segunda parte das mudanças no sistema tributário brasileiro.

A primeira parte da reforma tratou principalmente da simplificação dos impostos sobre o consumo. A parte 2, por outro lado, vai tratar de um tema ainda mais delicado: a tributação sobre a renda. Para a Campanha – que reúne mais de 70 organizações sociais, entidades e sindicatos – é justamente a parte que tem o poder de reduzir a desigualdade.

Quem tem mais, paga mais

“Esta luta é central para mudar o triste ranking do país mais desigual do mundo“, diz postagem da Campanha nas redes sociais. Desse modo, as organizações, entidades e sindicatos classificam como “essencial” a tributação progressiva da renda, “na lógica de quem tem mais, paga mais”.

A atualização do Imposto Territorial Rural (ITR) e a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), fundamentais para um país mais justo, estarão no centro das disputas na segunda parte da reforma tributária. Apenas o IGF, por exemplo, poderia arrecadar R$ 40 bilhões por ano. A defasagem do ITR, por outro lado, acarreta perdas anuais estimadas em R$ 14,3 bilhões.

Outra demanda na segunda fase da reforma tributária é o fim da isenção sobre os lucros e dividendos dos acionistas, mais um privilégio dos super-ricos que precisa ter um fim. Para a Campanha, a taxação de investimentos de pessoas físicas no exterior (offshores) e a antecipação de imposto nos chamados fundos de investimento exclusivos, também conhecidos como fundos dos “super-ricos”, é apenas o “rabinho do dragão”.