Na última reunião sob o governo Lula, Copom mantém taxa básica de juros

Selic permanerá em 10,75% ao ano pelo menos até janeiro, quando Alexandre Tombini substituirá Henrique Meirelles

São Paulo – Na última reunião comandada por Henrique Meirelles e também a última do governo Lula, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter pela terceira seguida em 10,75% ao ano a taxa básica de juros, a Selic, sem viés. A decisão, que era esperada pela maioria dos analistas de mercado, foi unânime. O comitê, em seu comunicado, disse que vê piora em relação à inflação, mas acrescentou que vai aguardar os efeitos de medidas adotadas recentemente para tentar conter o crédito.

“Diante de um cenário prospectivo menos favorável do que o observado na última reunião, mas tendo em vista que, devido às condições de crédito e liquidez, o Banco Central introduziu recentemente medidas macroprudenciais, prevaleceu o entendimento entre os membros do Comitê de que será necessário tempo adicional para melhor aferir os efeitos dessas iniciativas sobre as condições monetárias. Nesse sentido, o Comitê entendeu não ser oportuno reavaliar a estratégia de política monetária nesta reunião e irá acompanhar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”, diz o comunicado do BC.

Quando Meirelles tomou posse no BC, em 2003, a taxa básica estava em 25% ao ano e subiu para 25,50% em janeiro e 26,5% em fevereiro, para então iniciar trajetória descendente. Em julho de 2009, chegou ao seu menor nível histórico, 8,75%, no qual se manteve até março deste ano. Voltou a subir em abril, junho e julho. No pico, em março de 1999 (governo FHC), chegou a 45%.

A próxima reunião do Copom, já sob o comando de Alexandre Tombini, está marcada para 18 e 19 de janeiro. Ao atual diretor e novo presidente, pode ficar a impopular tarefa de subir os juros.

Em nota divulgada logo após a decisão, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, reafirmou que os juros continuam em nível excessivamente elevado. “Não bastando os malefícios que este cenário provoca sobre os investimentos, a sobrevalorização cambial derivada desta anomalia completa o ciclo de entraves ao setor produtivo. Tal sobrevalorização do Real, ao estimular a enxurrada de importados, estaria por trás do preocupante quadro de letargia da atividade industrial que, no momento, caminha em desarmonia com a demanda doméstica aquecida”, diz a nota. “O governo precisa criar a efetiva coordenação entre as políticas de gasto público e de juros para que o Brasil possa atingir um equilíbrio econômico compatível com um desenvolvimento sustentado. Caso contrário, mantida a situação atual, perdem todos: a indústria, o trabalhador e o nosso País”, afirmou Skaf, acrescentando: “Juros altos, câmbio baixo, importações altas, PIB baixo. Até quando?”.

A Força Sindical também criticou a decisão, chamando-a de “nefasta”. “Manter a política de juros altos, que asfixia a economia, é trabalhar contra os interesses da classe trabalhadora”, afirmou, em nota, o presidente da central, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).

 

Leia também

Últimas notícias