Novo governo

Lula anuncia Jean Paul Prates para presidir Petrobras. Para FUP, compromisso é com soberania

Mudar política de preços, investir na transição energética e unir interesses nacionais com os do mercado são os desafios do provável futuro presidente da estatal

Roque de Sá/Agência Senado
Roque de Sá/Agência Senado
Prates diz que é preciso “investir na transição energética para atender às necessidades do país

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, na tarde desta sexta-feira (30), o senador Jean Paul Prates (PT-RN) para a presidência da Petrobras. O futuro chefe de Estado, que assume no próximo domingo (1°), postou no Twitter que o advogado, economista e “especialista no setor de energia” tem a missão de “conduzir a empresa para um grande futuro”. O nome do parlamentar já era dado como certo nos círculos do Gabinete de Transição e nos bastidores de Brasília.

O próprio Prates afirma, na mesma rede social, que terá pela frente “um processo burocrático, estabelecido pela legislação e pelos sistemas de governança da Petrobras, até que ocorra a formalização do meu nome como presidente da companhia”.

Quem indica o presidente da estatal e do Conselho de Administração (CA) da companhia é a União, que é a sócia controladora. O presidente da Petrobras deve ser membro do conselho e precisa ser aprovado por ele. Durante o processo, diz Prates, ele terá a chance de se dirigir ao colegiado e à sociedade “para apresentar de forma detalhada nossos planos para a empresa”.

A Petrobras é uma companhia de economia mista, ou seja, une capital privado e estatal. Para seu provável futuro presidente, ela “precisa conciliar essa natureza ao seu papel estruturante na economia do país”. Ainda sem detalhar seu projeto, Prates diz que é preciso “investir na transição energética para atender às necessidades do país, do planeta e da sociedade, além dos interesses de longo prazo de seus acionistas”.

Curto e longo prazo

Junto a um projeto de longo prazo no qual a empresa passe a olhar para um futuro cada vez menos dependente de petróleo, a curto prazo a estatal terá o desafio de mudar a política de preços dos combustíveis instituída pelo governo Michel Temer, por meio do então presidente da empresa, Pedro Parente, em 2016.

O Preço de Paridade de Importação (PPI), então instituído, promove a variação de preços de combustíveis brasileiros de acordo com as cotações do petróleo e seus derivados nos principais mercados mundiais de negociação, como Estados Unidos e Reino Unido. O reajuste é vinculado ao preço do barril do petróleo no mercado internacional em dólar e aos custos de importação dos derivados.

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FUP: “Chama de esperança”

O gás de cozinha, que está na base do consumo do brasileiro, subiu 300% com o PPI desde 2016, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP). Em nota nesta sexta, a entidade afirma aprovar a indicação de Prates e do também senador Alexandre Silveira (PSD-MG) para o Ministério de Minas e Energia. “As escolhas do presidente Lula acendem uma chama de esperança, sustentada pelo compromisso desse novo governo com o povo brasileiro e a soberania nacional”, diz Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

Interesse nacional e mercado

O maior desafio do futuro presidente da empresa será unir o interesse nacional da empresa, que participou ativamente do desenvolvimento do país desde sua fundação, em 1953, com os interesses do mercado, que hoje controlam a Petrobras.

De acordo com o grupo de trabalho (GT) sobre minas e energia da equipe de transição, a estatal precisa “maximizar” sua capacidade instalada para diminuir a dependência de importações de derivados. No entanto, a companhia perdeu peso econômico nos últimos anos. Ela, que chegou a movimentar 13% do PIB em 2014, caiu para menos de 4% com o esvaziamento de seu poder econômico desde então.

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