Conjuntura

Ipea vê ‘acomodação’ do mercado de trabalho, com taxa de desemprego baixa

Para analista, tendência é de estabilização, com crescimento mais lento

Marcelo Camargo/Agência Brasil

A criação de empregos mais lenta se reflete em uma queda do consumo em geral, avalia o estudo

São Paulo – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) identifica um “cenário de relativa acomodação” do mercado de trabalho, acompanhando a trajetória de crescimento moderado da economia brasileira. “Em linhas gerais, os dados de emprego revelam um ambiente de baixa desocupação, desaceleração da taxa de crescimento dos rendimentos reais e perda de dinamismo no ritmo de geração de vagas formais”, diz o Ipea, em relatório divulgado hoje (26). O instituto destaca a “significativa redução do desemprego” ocorrida desde 2009. Nesse período, a ocupação cresceu em ritmo superior ao da população economicamente ativa (PEA). Ou seja, o número de vagas criadas foi maior do que o de pessoas que entraram no mercado.

Para o coordenador do Grupo de Conjuntura do Ipea, Fernando Ribeiro, a tendência é de estabilização. “A taxa de desemprego permanece baixa, embora tenha parado de cair e venha se mantendo no nível que alcançou no final do ano passado”, observou, lembrando que o ritmo de criação de empregos, rápido até meados de 2012, diminuiu. “Por isso, o crescimento está mais lento em 2013 e mais próximo do aumento da força de trabalho.”

Ele citou como resultado positivo a taxa média de desemprego de 5,3% em agosto nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, resultado divulgado hoje. Foi o segundo recuo seguido, após os 6% de junho e 5,6% em julho. Ribeiro destacou também os quase 128 mil empregos com carteira assinada criados no mês passado, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

Na Carta de Conjuntura divulgada pelo Ipea, os indicadores mostram desaceleração do consumo, o que segundo o coordenador reflete o impacto da inflação, uma criação mais lenta de empregos e a redução o mercado de crédito, especialmente para pessoa física. “As pessoas, aparentemente, ficaram mais cautelosas em tomar novos empréstimos. E tudo isso, de alguma forma, segura o consumo.” Ele estima que o consumo continuará crescendo, a taxas moderadas, pelo menos até 2014, assim como a produção. “De certa forma, é bom, porque significa que continua tendo estímulo para a atividade produtiva, mas também não permite que ela não acelere”.

Mesmo com o crescimento inesperado de 1,5% do primeiro para o segundo trimestre deste ano, o Ipea acredita em certa acomodação do Produto Interno Bruto (PIB) nesta segunda metade de 2013. “Isso significa alguma variação pequena na margem em relação ao segundo trimestre. Pode até, eventualmente, ser um pouco positiva ou negativa, mas o cenário é de acomodação, depois do salto que teve no segundo trimestre”, disse Ribeiro. “Você ainda cresce, mas a maior parte do crescimento se concentrou no início do ano”.

Ele acredita que o PIB deste ano deverá crescer 2,5%. “Você pode ter um crescimento um pouco acima disso, próximo disso ou um pouco abaixo. A gente [Ipea] não projeta um crescimento de 2,5%, mas acredita que o crescimento não vai ser muito distante desse patamar.”

Com informações da Agência Brasil.