Política sem susto

Na Fiesp, Lula contesta noticiário e afirma que ‘começou o jogo’ com o Congresso

Presidente diz que discutirá governança com o parlamento. Presidente da Fiesp apoia reforma tributária e pede queda dos juros

Reprodução/YouTube
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Para Josué Gomes (no telão), novo regime fiscal e reforma tributária representam 'grande parte' da recuperação da indústria

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou e terminou o dia, nesta quinta-feira (22), Dia da Indústria, reunido com empresários do setor, primeiro em Brasília e depois em São Paulo, na sede da Fiesp. Anunciou medidas, defendeu a pequena empresa, uma política industrial “ativa e altiva” e o agronegócio. Mas seu recado foi mais político. Ele rebateu o noticiário sobre suposta derrota do governo no Congresso.

“A gente levanta de manhã e pensa que o mundo está acabando. (…) Não aconteceram as coisas graves que muitas vezes são divulgadas. A perspectiva em relação ao Brasil é muito maior do que a gente teve no primeiro mandato”, disse Lula. Em seguida, ele fez referência a mudanças na estrutura ministerial aprovadas por uma comissão mista no parlamento. “Agora que começou o jogo, vamos conversar com o Congresso e fazer a governança que precisa fazer”, acrescentou o presidente.

O que não pode acontecer, afirmou ainda, é “se assustar” com a política. “Quando a sociedade se assusta com a política e começa a culpar a classe política, o resultado é infinitamente pior.”

Pacificação política

Pouco antes, o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), falou em “pacificação” e harmonia entre os poderes. “Nós temos hoje um ambiente muito propício de harmonia e de união. (Mas) Não basta a harmonia de Brasília. É fundamental ouvir aqueles que desenvolvem, aqueles que produzem no Brasil.”

Lula: ‘Quando a sociedade se assusta com a política e começa a culpar a classe política, o resultado é infinitamente pior’ (Reprodução YouTube)

Ele afirmou que o novo regime fiscal, apelidado de “arcabouço”, também passará pelo Senado, para que “nós possamos entrar num regime fiscal responsável”. Pacheco classificou a reforma tributária como “a mais desejada pela sociedade brasileira há décadas” e disse que o parlamento tem compromisso com o tema. “Nossa democracia enfrentou momentos difíceis, mas saiu mais forte”, finalizou.

Salto de eficiência

Para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a reforma tributária proporcionará “um salto de eficiência” ao país, com redução do Custo Brasil e simplificação de regras. Ele afirmou que o câmbio está “competitivo”, mas acrescentou que os juros têm que cair. Alckmin lembrou que em 2020 a inflação era maior que o atual e a taxa Selic estava em 2%, ante os atuais 13,75%.

Por sua vez, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad também falou sobre reforma tributária. A criação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), afirmou, “praticamente resolve uma boa parte dos vícios do atual sistema”.

Recuperação da indústria

O presidente da Fiesp, Josué Gomes, disse que o IVA trará desoneração de investimentos e exportações. Assim, resolvidas as questões tributária e fiscal, “grande parte do trabalho para recuperar a indústria estará feita”. Com o câmbio “ajustado”, a crítica recaiu sobre os juros. “Terão que cair rapidamente, até para não deixar envergonhados os membros do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).” Segundo ele, o atual patamar é “absolutamente injustificado”.

Respondendo a críticas da oposição, Lula disse que “mais do que ajudar a Argentina queremos ajudar os exportadores”. Para que o país tenha uma indústria forte, afirmou, “é preciso ter trabalhador ganhando salário justo para consumir as coisas que ele produz”. Ele fez referência também ao agronegócio: “A gente quer que a indústria cresça, mas quer que a exportação de commodities continue crescendo”.


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