Bancários da CUT querem fórum nacional com BC e bancos para discutir spread

Para sindicalista, falta transparência sobre medidas de redução de juros

Carlos Cordeiro é presidente da Contraf-CUT e quer apurar se medidas anunciadas por bancos estão sendo praticadas (Jailton Garcia)

São Paulo – Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, as reduções nas taxas de juros anunciadas nos últimos dias pelo sistema financeiro não são transparentes e estão causando grande confusão para clientes e para os profissionais do setor. A resolução do problema exige, segundo o sindicalista, a realização de um fórum nacional em que os bancos possam apresentar seus dados e esclarecer as dúvidas da sociedade. A sugestão foi apresentada ao Ministério da Fazenda, ao Banco Central, à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e aos órgãos de defesa do consumidor.

“Os clientes estão reclamando que os bancos estão sonegando informações, que muitas medidas de barateamento de empréstimos anunciadas são excessivamente restritivas e que a falta de critérios claros não permitem fazer comparações entre os preços das diferentes instituições financeiras”, disse Cordeiro. “Essa falta de transparência reforça a sensação de que as medidas para reduzir os juros são apenas perfumaria e propaganda enganosa para ludibriar os clientes.”

Estudo elaborado pelo Dieese para a Contraf, com base em dados do Banco Mundial, que usa metodologia diferente do BC, demonstra que a oferta de crédito no Brasil, atualmente em 48,8% do Produto Interno Bruto (PIB), ainda é muito baixa em relação aos padrões internacionais. Cita o exemplo do Chile, onde as operações de crédito em 2010 movimentaram 86,3% do PIB. Também são lembrados os Estados Unidos (202,2%) e a África do Sul (145,5%)..

A entidade argumenta que a sustentação do crescimento econômico do Brasil depende da expansão do crédito ao consumo e à produção, mas esse vetor continua limitado pelos juros e osspreads (a diferença entre a taxa de captação e de empréstimo dos bancos), que se mantêm ainda em patamar alto devido à ausência de competição e à oligopolização do sistema financeiro. Segundo Cordeiro, os seis maiores bancos em atuação no Brasil – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC – concentram mais de 80% dos ativos totais e das operações de crédito.

 

Com informações da Contraf-CUT