Com alta de 0,75 ponto, juros vão a 9,5% ao ano

Foi a primeira elevação desde setembro de 2008. Para a CUT, preço da decisão será pago pelos trabalhadores; Fiesp também critica e vê BC 'acuado'

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na noite desta quarta-feira (28) elevar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 9,50% ao ano, na primeira alta desde setembro de 2008. A decisão foi unânime. No anúncio, o Copom faz menção “ao processo de ajuste das condições monetárias” ao cenário econômico, “para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas”. A taxa estava em 8,75% desde julho do ano passado, quando o Copom decidiu por um corte de meio ponto. De lá para cá, foram seis reuniões – em cinco, a Selic foi mantida, até a alta anunciada agora. Antes, de janeiro a julho de 2009, a taxa teve redução de cinco pontos percentuais.

Minutos após a decisão, a CUT, a Força Sindical e a Fiesp divulgaram nota condenando a alta. “O preço será pago pelos trabalhadores em geral, seja pela diminuição dos investimentos de parte do setor produtivo, atraído pela especulação, seja pela elevação do custo dos empréstimos ou do endividamento já existente. A taxa do crédito pessoal, hoje superior a 83% ao ano, e a do cheque especial, de 175% ao ano, tendem a subir junto com a Selic”, afirmou o presidente da central, Artur Henrique da Silva Santos. “Hoje, o BC está na contramão do desenvolvimento que queremos, com distribuição de renda e valorização dos empregos e salários.”

O presidente da Força, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), disse que a decisão é perversa com o setor produtivo. “Com miopia econômica, os membros do Copom insistem em levar o Brasil na contramão do desenvolvimento, usando um método nefasto para conter supostas pressões inflacionárias.”

Já a Fiesp apontou como “perdedores” o crescimento e o emprego. “Não há necessidade de subir a taxa de juros, pois existe capacidade instalada na indústria para atender à demanda sem que aconteça pressão sobre os preços”, disse o presidente da entidade, Paulo Skaf. Na nota, a Fiesp chama o BC “acuado, refém de certos setores do mercado e cada vez mais distante dos interesses maiores da sociedade e do País”.

 

Nos EUA, manutenção

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o equivalente ao BC brasileiro) decidiu novamente manter os juros na faixa de zero a 0,25% ao ano, nível em que está desde dezembro de 2008. Segundo o Fed, os juros deverão continuar baixos por um período prolongado. A economia continua a se recuperar, mas o desemprego permanece elevado.